quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Deus é Sempre o Mesmo? Isto Significa que Ele sempre Age da mesma Forma?


Deus é Sempre o Mesmo?
Isto Significa que Ele sempre Age da mesma Forma?


Apesar da Bíblia nos ensinar que Deus é imutável - Ele é o mesmo hoje, ontem e para sempre - não podemos perder de vista o fato de que as Escrituras nos ensinam que Deus nem sempre age da mesma forma em todas as épocas. Este é o problema com muitas pessoas. Elas pensam que Deus deve agir hoje exatamente como agiu no período bíblico pois Ele é o mesmo, sempre. Mas, será que a imutabilidade de Deus é uma espécie de promessa de que ele sempre agirá da mesma forma na história dos homens?

Todos concordamos, por exemplo, que Deus é capaz de criar outra vez mundos, sóis e estrelas; entretanto, segundo as Escrituras, ele já cessou da sua obra de criação. Todos concordamos que Deus poderia hoje criar mundos do nada exatamente como fez no princípio, mas nenhum de nós espera realmente que ele faça isso e nem ora por isso. O fato de que nosso Deus é o mesmo hoje, ontem e para sempre não significa que ele sempre terá de criar mundos. A criação do mundo é um exemplo de uma manifestação sobrenatural do poder divino que não se repete na História. Essa constatação é, no mínimo, um precedente para considerarmos a possibilidade de que Deus pode cessar de agir de determinadas formas na história.
Há outros precedentes na Bíblia de atividades sobrenaturais que cessaram. Um deles é o dos profetas do Antigo Testamento. O Senhor Jesus afirmou que João foi o maior e último deles (Mt 11.13; Lc 16.16). Os profetas do Antigo Testamento são encarados pelos escritores do Novo como um grupo definido e fechado, freqüentemente referidos como “os profetas” (ver Mt 11.13; 23.29; 1Ts 2.15; Hb 11.32; Tg 5.10; 1Pe 1.10-12), cujos escritos são mencionados ao lado da Lei, escrita por Moisés. O autor de Hebreus declara que a atividade dos profetas do Antigo Testamento já havia cessado, fazendo parte do modo antigo de Deus se revelar ao seu povo, sendo substituída por uma revelação maior e mais excelente, que foi aquela através de Cristo (Hb 1.1-2). Os profetas antigos são considerados, já no tempo do Novo Testamento, como homens santos, inspirados por Deus, a quem foi revelado o mistério de Cristo, revelação essa que ganhou forma escrita (2Pd 1.20-21).

Semelhantemente, não temos mais homens com os poderes concedidos aos apóstolos, os legítimos sucessores dos antigos profetas, de inspiração e infalibilidade, de realizar curas tão extraordinárias. O ofício apostólico, restrito aos Doze e à Paulo, cessou quando eles morreram. A igreja não nomeou ou elegeu outros apóstolos para substituir os que iam morrendo. E com os apóstolos parece haver cessado aqueles dons relacionados com o ofício apostólico, como por exemplo, o dom de curar.

Todos nós cremos que Deus poderia hoje levantar pessoas assim, outra vez e inspirá-los de modo a escreverem de forma inerrante a sua revelação ao povo, mas todos nós entendemos claramente pelas próprias Escrituras que essa atividade sobrenatural cessou. As Escrituras já estão completas. Não esperamos que hoje novas Escrituras sejam produzidas. Assim, a inspiração dos profetas antigos – e semelhantemente, a dos apóstolos – é mais um exemplo de atividade sobrenatural que ocorreu num determinado período da história da salvação e que, havendo cumprido seu propósito, encerrou-se. É mais um precedente em favor do que estamos argumentando, que Deus não age sempre do mesmo modo.

Ninguém hoje espera mais que Deus chame uma pessoa e lhe faça as mesmas promessas que fez a Abraão, de que o Salvador do mundo nasceria de sua semente. Ninguém espera hoje que o Filho de Deus, outra vez, se faça homem no ventre de uma virgem e que morra outra vez na cruz pelos pecados do seu povo. Teoricamente, Deus, que é o mesmo ontem, hoje e para sempre, poderia fazer todas estas coisas acontecerem outra vez, mas certamente não as fará mais. Elas aconteceram de uma vez para sempre, cumprindo um propósito único e definido na história da redenção.

Da mesma forma, Deus não parece estar disposto a realizar, outra vez, os grandes milagres do passado, que se encontram registrados no Antigo Testamento. Não esperamos como uma possibilidade, mesmo que remota, que Deus hoje abra mares, à vista de todo um exército de incrédulos, para seu povo passar, num momento de crise. É claro que ele poderia fazê-lo, mas não temos qualquer garantia ou promessa que ele o fará. Ou ainda, esperamos realmente que Deus hoje sustente um povo por 40 anos com pão do céu e água da rocha e com sandálias que não se acabam no deserto? Ou que faça o sol parar no firmamento por um dia inteiro? Ou levantar líderes dotados de força física sobrenatural como Sansão? Não há nenhuma promessa de que Deus fará isso sempre – ou, outra vez. E de fato, até onde sei, não há registro na História de que esses fatos aconteceram outra vez. Tais eventos miraculosos foram realizados num determinado período da História e com um propósito definido, que já se concretizou. Não é uma questão de termos fé ou de orarmos por estas coisas. Deus simplesmente não nos promete que as fará outra vez. Entretanto, ele permanece sendo o Deus onipotente e Todo-Poderoso de sempre. Apenas, em sua sabedoria, ele tem formas diferentes de agir em épocas diferentes.

Portanto, o argumento de que Deus hoje age exatamente da mesma forma como agiu no período bíblico carece de fundamentação exegética e ignora a evidência bíblica de que o Senhor age de acordo com um plano, cujas etapas se completam dentro de períodos definidos da História. Precisamos ter cuidado antes de dizer que tudo o que ocorria no culto das igrejas do período apostólico deverá ocorrer hoje, se tão somente estivermos abertos, buscando com fé. Não podemos deixar o propósito de Deus fora da questão.

As Maiores Vitórias Narradas Na Bíblia Têm Um Fator Comum


As Maiores Vitórias Narradas Na Bíblia Têm Um Fator Comum


Texto: Ezequiel 22.30a - "E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro."

INTRODUÇÃO:
O universo dos crentes pode ser classificado em duas grandes classes. O crente vitorioso e o crente estagnado. O crente vitorioso é aquele que entra nas lutas sabendo que a vitória é mais do que certa, pois conhece as armas que tem à sua disposição. Já o crente estagnado, é aquele que crê em Deus, segue a Jesus, mas não consegue avançar na carreira de vitórias que lhe foi preparada.

Nesta data, o Senhor quer ensinar para que todos os crentes saiam daqui sabendo manusear as melhores armas. Vamos olhar os ingredientes das maiores batalhas, para tentarmos aprender com os heróis da bíblia.

DESENVOLVIMENTO:
1) Toda a desgraça que caiu sobre a vida de Jó, tornou-se ainda pior devido aos seus amigos, que procuravam em todos argumentos possíveis e imagináveis uma fonte de culpa para o sofrimento de Jó. A vitória de Jó aconteceu quando ele orava por seus "amigos". (JÓ 42.8,10).

INGREDIENTES: acusações, amigos pouco confiáveis e mudança brusca de derrota inevitável para vitória surpreendente.

2) Em Êxodo 17.8-16, O povo de Israel, travava uma ferrenha batalha contra os amalequitas quando Josué, em meio a sua luta, percebeu um detalhe muito interessante (verso 11). As mãos levantadas de Moisés, lá no monte, determinavam a alternância entre o sucesso e o fracasso.

INGREDIENTES:
 parentes em guerra, disputa de território e mudança brusca de derrota inevitável para vitória surpreendente.

3) O livro de Ester fala de um massacre sanguinário e aparentemente inevitável, que estava com data marcada para acontecer e só não aconteceu por causa de uma junção de fatores. Um desses fatore, o qual eu julgo o mais importante, está registrado em ET 4.16, onde a rainha faz um apelo para que o povo jejue e ore pela causa que era considerada perdida até para a rainha.

INGREDIENTES: Ciladas, traições, covardia e mudança brusca de derrota inevitável para vitória surpreendente.

4) O livro de Daniel fala de outro massacre que estava previsto, quando Daniel é conduzido à presença do rei, sendo-lhe imposto o dever de interpretar uma revelação misteriosa, onde a chance de sucesso era quase zero porcento. O quadro mudou e Deus revelou para Daniel a frase que estava escrita e ainda lhe deu a tradução. Os versos de Daniel 2.17-18 mostram que antes de enfrentar o desafio, Daniel procura seus amigos para orarem por ele durante sua prova.

INGREDIENTES: Covardia, ignorância espiritual, disputa religiosa e mudança brusca de derrota inevitável para vitória surpreendente.

5) Em 2 Crônicas 32, vemos o povo de Deus, governado na época pelo rei Ezequias sendo ameaçado por um tiranos sanguinário e cruel, que ameaçava matar a todos que se lhe opusessem. Para Ezequias não havia a menor chance de escapar. Seu único recurso foi procurar o profeta Isaías para lhe pedir que intercedesse a Deus pelo povo.

INGREDIENTES: covardia, ignorância espiritual, disputa religiosa e mudança brusca de derrota inevitável para vitória surpreendente.

6) Em Atos dos Apóstolos, vemos a perseguição contra os seguidores de Jesus Cristo. Ali no capítulo 12, foi a vez de Herodes (representando o governo romano), que prendeu Tiago e Pedro para sujar de sangue a história do cristianismo. Tiago foi executado logo de início e Pedro foi deixado para uma cerimônia mais destacada. A esperança de Herodes era usar a execução de Pedro para desestimular os seguidores de Cristo. Mas seu tiro saiu pela culatra quando Pedro foi retirado de dentro da cadeia sem qualquer explicação lógica. Um registro interessante está em Atos 12.12, onde está registrado que enquanto Pedro estava em cativeiro, os amigos estavam reunidos e oravam.

INGREDIENTES:
 covardia, ignorância espiritual, disputa religiosa e mudança brusca de derrota inevitável para vitória surpreendente.

7) Finalmente, o próprio Senhor Jesus enfrentou os ingredientes das lutas acima, e viu sua alma em grande aflição, diante de uma derrota que era inevitável. Ele mesmo sabia que teria que passar pelo vale da sombra da morte. Diferentemente de qualquer um de nós, o medo de Jesus advinha do poder que Ele tinha de reverter a situação. Mais do que qualquer uma das lutas acima mencionadas, o problema aqui não era pedira ajuda a Deus para inverter a situação. O que Jesus precisava era de força para suportar as dores que estavam por vir. Nesse contexto, Ele nem chega a pedir que os amigos orem por Ele.

Para Jesus, já seria bom demais que os amigos ficassem atentos ao que ele estava passando.

Aqui vemos outra diferença: enquanto os amigos de Daniel oraram; os amigos de Ester oraram; os amigos de Pedro oraram; os amigos de Josué oraram, os amigos de Ezequias oraram; nós vemos em Mateus 26.39-43, que os amigos de Jesus, nem sequer ficaram acordados. Mas, para nosso bem, o próprio Senhor Jesus orou por si mesmo.

INGREDIENTES: covardia, ignorância espiritual, amigos pouco confiáveis e mudança brusca de derrota inevitável para vitória surpreendente.

CONCLUSÃO:
Depois de conhecer todas essas grandes vitórias, quem anotou os ingredientes de cada luta, vai concluir que o fator comum a todas elas foi a mudança de uma derrota inevitável para uma vitória surpreendente. Mas, na verdade, não foi esse o fator decisivo em todas as lutas. A mudança de derrota para vitória é, na verdade, conseqüência do próprio fator comum.

O fator comum a todas elas, passa quase despercebido na maioria dos estudiosos.

É aí que está a diferença entre os grandes vencedores e os crentes estagnados.

O crente estagnado só comemora a vitória dos outros. Sua própria vitória parece que nunca vai acontecer.

É que o crente estagnado só consegue perceber os fatores visíveis. E o crente vitorioso consegue ler nas entrelinhas o fator invisível, mas preponderante para determinar a grande virada.

Nos 7 exemplos que passamos aqui, a grande virada aconteceu no momento da ORAÇÃO. Em 6 casos, foi preponderante a oração dos amigos, que a igreja convencionou de chamar de oração intercessória.

Na maioria dos casos, o guerreiro estava tão comprometido com a luta, tão enfraquecido pelas dificuldades que teve que pedira ajuda aos amigos.

No caso de Jó, sua situação era tão difícil, que o próprio Deus pediu que os "amigos" fossem a ele, pedir para que orassem. Já pensou na cara desses "amigos", que tanto desdenharam de Jó, agora tendo que lhe pedir que orasse por eles. Mas foi justamente esse misto de humilhação com perdão, que atuou como química para a vitória de Jó.

Em Ezequiel 22.30, vemos que Deus tem necessidades a serem supridas pela igreja.

O QUÊ PASTOR, DEUS TEM NECESSIDADES?

Deus tem necessidade de pessoas que se ponham na brecha entre Ele e a terra, para conter sua própria ira. Se não fosse a intercessão da igreja, a ira de Deus já teria descido e ninguém há que pudesse suportar. 

A Aliança de Davi


A Aliança de Davi


A história da ascensão de Davi ao trono de Israel encontra-se em 1 Samuel 16 – 2 Samuel 4. Em 1 Samuel 16, Davi mostra-se o escolhido de Deus e é ungido rei por Samuel (1 Sm 16.1, 12-13). A unção de Davi antecipa a edificação da dinastia Davídica, um evento crucial na história da redenção. A unção de Davi é também crucial para o entendimento do conceito de Messias no Antigo testamento (Heb. mashiah). Como Dillard e Longman explicam, “O termo hebraico mashiah significa ‘ungido,’ e a ideia de um Messias para Israel cresce a partir de sua ideologia sobre um rei justo, aquele que seria como Davi.”

Durante os livros de Samuel, o “Senhor ungiu” é um tema importante ( 1 Sm 16.3, 6, 12-13; 24.6; 26.9, 11, 16, 23; 2 Sm 1.14, 16; 3.29; 19.21). O rei é o ungido de Deus, isto é, seu “messias.” O governo de Davi como o ungido de Deus, seu “messias,” é depois usado pelos profetas para retratar o futuro rei escatológico ( Is 7.14-16; 9.1-7; 11.1-16). Os capítulos remanescentes de 1 Samuel relatam a ascensão de Davi em popularidade e as repetidas tentativas de Saul de matá-lo (1 Sm 17-31). O primeiro livro de Samuel termina com a infame morte de Saul (1 Sm 31.3-4).

Depois de Davi saber da morte de Saul, e ficar de luto por ele (2 Sm 1.4,17-27), os homens de Judá ungem-no rei (2 Sm 2.4). Mas Abner, capitão do exército de Saul, unge o filho de Saul, Isbosete, para ser rei sobre Israel (2 Sm 2.8-11). Então se segue uma longa guerra entre a casa de Davi e a casa de Saul (2 Sm 3.1), mas Abner no final se junta a Davi, Isbosete é morto, e Davi é ungido rei de todo Israel (2 Sm 5.3-4). Davi, em seguida, derrota os jebuseus e toma a cidade de Jerusalém, chamando-a de a cidade de Davi ( 2 Sm 6-9). A arca da Aliança, o símbolo do trono do Rei divino, é levado a Jerusalém ( 2 Sm 6.1-15), e desse ponto em diante a cidade se torna o centro político e religioso do reino Davídico.

Um evento importante na história redentiva está em 2 Samuel 7. De acordo com Walter Brueggemann, esse capítulo “ocupa o centro teológico e dramático de todo o registro de Samuel.”  O capítulo registra os eventos que cercam o estabelecimento da aliança Davídica. Dumbrell proveitosamente explica porque os eventos desse capítulo seguem aqueles do capítulo 6.

O que está sendo dito, portanto, pela sequência desses capítulos, é que a realeza de  Yahweh (Senhor) deve ser primeiro estipulada antes da questão de Israel poder ser retomada. Somente quando um reconhecimento do governo de Yahweh (Senhor) tenha sido feito a possibilidade de uma linha real israelita estabelecida firmemente pode ser discutida.

Davi capturou Jerusalém e trouxe a arca para a cidade, e Deus deu a ele descanso de todos os seus inimigos (2 Sm 7.1). A partir desse ponto, Davi chama ao profeta Natã e expressa o seu desejo de construir uma “casa” (Heb. bayit) a Deus, um templo permanente ao invés de uma tenda.viii A resposta de Deus a Davi encontra-se em 2 Sm 7.4-16.

Deus lembra Davi que desde o tempo que trouxe Israel fora do Egito Ele tem andado com o povo no tabernáculo (2 Sm 7.4-7). Deus lembra Davi que esteve com ele aonde fosse, e que eliminou os inimigos de Davi (2 Sm 7.8-9a). Então, promete a Davi que fará de Davi um grande nome (2 Sm 7.9b). Deus declara que vai dar a Israel descanso dos seus inimigos e que vai fazer uma casa a Davi (2 Sm 7.10-11). Deus promete que vai estabelecer o reino da descendência de Davi (2 Sm 7.12). Promete que a descendência de Davi vai construir uma casa a Deus, e que vai estabelecer o reino de Davi para sempre (2 Sm 7.13).

Deus promete, “Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho” (2 Sm 7.14a). Deus informa que vai disciplinar a descendência de Davi se ela cometer iniquidade, mas Deus também promete que o seu constante amor não vai se apartar de Davi como se apartou de Saul (2 Sm 7.14b-15). Por último, Deus promete a Davi, “Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; o teu trono será estabelecido para sempre” (2 Sm 7.16). A oração de Davi de gratidão se encontra em 2 Samuel 7.18-29. Nessa oração, ele se refere às promessas de Deus como “instrução para todos os homens” (2 Sm 7.19).

Embora o termo Hebreu de “aliança” (berit) não se ache nesse capítulo, as Escrituras em outros lugares se referem a essa promessa como uma aliança (2 Sm 23.5; Sl 89.3). A aliança Davídica foi antecipada na aliança de Deus com Abraão (Gn 17.6). Seria através do reinado de Davi que a promessa de Deus de abençoar às nações seria cumprida (2 Sm 7.19; Sl 72.8-11,17). A aliança de Davi também foi antecipada na aliança Mosaica (Dt 17.14-20). O reinado de Davi seria a expressão do governo teocrático de Deus em Israel. Era para refletir o governo justo do Rei divino. Também era para conduzir Israel no cumprimento fiel da lei Mosaica. A aliança de Abraão prometeu uma área e um povo para o reino de Deus. A aliança Mosaica forneceu a lei para o reino. A aliança de Davi agora fornece um rei humano para o reino. O propósito criacional de Deus para estabelecer o seu reino com sua imagem semelhança exercendo domínio agora alcança um novo estágio em sua realização progressiva.

Uma das principais ênfases da aliança de Davi é a ideia de perpetuidade. Davi queria construir para Deus um lugar de residência permanente para Deus, mas Deus ao invés promete que ele iria estabelecer para Davi uma dinastia permanente. O termo Hebreu ‘ad-’olam, ou “para sempre”, é achado oito vezes nesse capítulo enfatizando o significado desse aspecto da aliança. Como Anderson explica, “A principal característica dessa realeza vai ser sua estabilidade permanente: vai durar para sempre (2 Sm 7.13b, 16).”

Em Gênesis 49.10, Jacó profetizou que o cetro pertenceria à tribo de Judá até a vinda daquele ao qual um status (posição) real verdadeiramente pertencia.  Essa profecia encontra o seu cumprimento inicial no estabelecimento da realeza de Davi.xv Mas a aliança de Davi não só olha para o cumprimento de profecias passadas, ela também olha pra frente, lançando a base para a esperança escatológica de Israel. A aliança de Davi se torna a base para as profecias messiânicas dos profetas posteriores. Como O. Palmer Robertson explica, o trono de Davi “era uma representação tipológica do próprio trono de Deus.” A relação é tão próxima que o trono de Davi é referido na Escritura como o “trono de Yahweh” (1 Cr 29.23). Com a chegada da monarquia de Davi, então, o reino de Deus já tinha chegado até certo ponto, mas continuou uma sombra da incrível realidade futura.

A aliança de Davi se tornou, como Bergen observa, “o núcleo em torno do qual mensagens de esperança proclamadas pelos profetas Hebreus de gerações posteriores foram construídas…”  Essa aliança é mencionada ou aludida em muitos dos Salmos (Sl 21, 72, 89, 110, 132). Também é aludido nos escritos proféticos. À medida que a monarquia eventualmente começa a cair em maldade, os profetas começam a entender as promessas da aliança de Davi escatologicamente. Como Joyce Baldwin nota, os profetas ensinaram que “o tabernáculo de Davi seria reparado (Am 9.11); uma criança vinda de Davi estabeleceria seu trono com justiça e com juízo (Is 9.6-7); uma raiz do tronco de Jessé ainda criaria um reino ideal (Is 11.1-9; Jr 23.5; Zc 3.8).”  As promessas que ainda não foram cumpridas seriam cumpridas no futuro (Is 7.13-25; 16.5; 55.3; Jr 30.8; 33.14-26; Ez 34.20-24; 37.24-25; Os 3.5; Zc 6.12-13; 12.7-8). Por fim, essas esperanças messiânicas seriam cumpridas em Jesus, o verdadeiro filho de Davi (Mt 1.1; At 13.22-23). 

O Que Significa Receber um 'Novo Nome'?


O Que Significa Receber um 'Novo Nome'?


“Quando estivermos no céu, vamos nos reconhecer?” – essa é uma das perguntas que mais ouvia quando era criança. Alguns tinham certeza que não. Já eu achava que era um pouco injusto e desnecessário. Por que, afinal, nós não nos reconheceríamos? Qual a graça de fazer amigos na igreja e chamar amigos para a igreja se, no fim da história, nem saberíamos que eles estavam morando conosco?

Mais tarde, vi que a Bíblia parece indicar que saberemos quem são nossos vizinhos, mesmo os que não encontramos pessoalmente. Por exemplo, Jesus diz que Abraão, Isaque e Jacó sentarão conosco. Ele também diz para fazermos amigos no céu, a fim de que eles nos recebam em suas casas. Parece que saberemos quem são essas pessoas. E, claro, vemos que os discípulos reconheceram o Jesus glorificado – o mesmo deve acontecer conosco, então (1 Jo 3.2). Nós o reconheceremos e seremos reconhecidos.

Parte dessa crença se deve a um verso de Apocalipse, que diz que receberemos um novo nome. Na carta à igreja de Pérgamo, Jesus diz o seguinte: “Ao que vencer darei a comer o maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece, senão aquele que o recebe” (2.17). Isaías parece confirmar a profecia quando Deus promete que “a seus servos chamará por outro nome” (65.15).

Já que seremos diferentes e teremos outro nome – como reconhecer alguém assim?
É verdade que há descontinuidade entre nossa vida corruptível aqui e a vida incorruptível da Nova Criação. Entretanto, também existe continuidade e o tal “novo nome” não é um motivo para não sermos reconhecidos. Há algo muito mais belo por trás dessa expressão e, mesmo que você nunca tenha ouvido falar dessa “crendice gospel”, te convido a caminhar um pouco pela maravilhosa Palavra de Deus.

Uma teologia do “nome”

Já comentei em outro texto a importância do conceito de “Nome” na Escritura. Para os autores bíblicos, o “nome” é mais que uma junção de letras. Ele representa a própria essência da pessoa que o carrega. É por isso que o pecado dos construtores da grande torre de Babel – “façamo-nos um nome” (Gn 11.4) – não era simplesmente construir um prédio alto, mas glorificar a si mesmo, por meio de um nome célebre. Por isso também, por exemplo, quando dizemos que o nome de Jesus salva ou que todo joelho se prostrará a seu Nome, estamos falando do próprio Cristo, não apenas de uma junção de letras.

Além disso, dar o nome a alguém simboliza a autoridade que se tem sobre essa pessoa. Adão nomeou os animais como parte de seu chamado de vice-gerente da Criação (Gn 2.19). Da mesma forma, ele deu o nome de sua esposa – Eva. (Antes que alguma leitora tente me matar – ele fez isso, em Gn 3.20, com a autoridade de marido, não porque a mulher estava na mesma categoria do resto da criação). Por outro lado, José e Maria não escolheram o nome de seu filho – coube a Deus decidir que ele se chamaria Jesus (Mt 1.21).

De vez em quando, vemos Deus mudando o nome de alguém, simbolizando um novo status ou uma nova identidade – caso de Abraão, Sara e Jacó. Às vezes, o próprio portador do nome muda sua alcunha, representando uma nova situação. Noemi (“doce”) resolve chamar-se de Mara (“amarga”) após a morte de sua família (Rt 1.20), mas termina a história com um “nome afamado” (4.14). Aliás, note como a ideia do nome move todo o livro de Rute.

No livro que inspirou esse artigo, o autor G.K. Beale nos fala ainda de outras ideias por trás da expressão “Nome”:
- Quando alguém na época do Antigo Testamento ou do mundo antigo dava um nome a outra pessoa ou coisa, significava que ela possuia essa pessoa ou coisa. Ou saber o nome de alguém, especialmente o nome de Deus, frequentemente significava entrar em um relacionamento íntimo com essa pessoa ou poder.

Autoridade, posse, intimidade, status e identidade – tudo isso estava associado à ideia de Nome. E, como veremos, isso ainda encontra-se parcialmente em nossa sociedade.

Uma teologia do novo nome

Em nossa época de individualismo e feminismo, a prática perdeu um pouco da força, mas tenho certeza de que muitas garotas (e alguns rapazes) já fizeram isso – pegaram seu nome e o imaginaram junto ao sobrenome do namorado ou pretendente. “Como eu me chamaria se me casasse com ele?”, elas pensaram. É isso que acontece em sociedades tradicionais – a mulher, quando casa, tem seu nome modificado.

Às vezes, somos levados a pensar que isso é mero elemento cultural ou fruto de uma tradição das sociedades patriarcais. Entretanto, se entendermos a Bíblia como verdadeira e, consequentemente, o casamento como figura do relacionamento entre Cristo e a Igreja, descobriremos que essa prática ilustra algo belíssimo sobre a história da redenção.

Próximo a Apocalipse 2.17, encontramos outra promessa aos crentes: “Ao que vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus e dele nunca sairá, e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome” (3.12). Mais adiante, em 14.1, aprendemos que os crentes terão o nome do Pai em suas testas, o que lembra que os sacerdotes usavam uma lâmina de ouro com os dizeres “santidade ao Senhor” (Êx 28.36-38). Novamente, Beale explica:

Parte do significado dos cristãos terem o nome de Deus e de Cristo em suas frontes é que eles compartilham da presença, da semelhança e do caráter de Deus e de seu Messias, como consequência de consagrar-se a eles.

O que isso tudo significa? Basicamente, o que já falamos antes: uma nova condição, uma nova identidade – como Abraão, Jacó e Noemi tiveram – pela bondade de Yahweh. Jesus ensina ao mesmo tempo que temos um novo nome e que Deus escreveu em nós seu Nome. E como termina o livro de Apocalipse? Com um casamento. Nós somos a noiva e receberemos o nome do Noivo. Os dois agora são um.

Assim, casar e receber o nome de um marido torna-se uma figura dos cristãos que consagram-se ao Senhor e, consequentemente, tornam-se um com ele, e compartilham de seu caráter.

Autoridade, posse, intimidade, status e identidade
Poderíamos falar horas e horas das diversas implicações desse novo nome que receberemos. Listarei algumas delas e sugiro que meditemos sobre cada um desses itens, com corações cheios de alegria e gratidão.

- Receber um novo nome nos lembra que Cristo é nosso Senhor e tem autoridade sobre sua igreja;
- Como o pai escolhe o nome dos filhos, nosso Pai nos dá um novo nome, lembrando que fomos adotados e agora somos parte da família de Deus;
- Receber o nome de Deus é sinal de que ele é nosso dono e que pertencemos a nosso marido, Cristo;
- Conhecer o nome de Deus e o nome de Cristo mostra que temos profunda intimidade com Pai e Filho, como um filho e um marido têm;
- Receber o sobrenome do Noivo nos lembra que seremos um com ele, que compartilharemos um novo lar, cheio de amor e felicidade;
- Nosso novo nome lembra a Nova Criação da qual já fazemos parte, mas que será manifesta com a volta de Cristo. Somos nova criatura, novo homem, nova vida;
- Carregar o nome de Yahweh é ser habitado pelo Espírito, como o Templo de Israel era e como agora seremos – “coluna do templo”. G.K. Beale lembra que “quando o nome de Deus era aplicado a algum lugar… isso frequentemente indicava que sua presença estava lá”.

Alguns estudos dizem que, com o tempo, marido e mulher vão ganhando feições e trejeitos parecidos. Isso não é mentira! Se deve ao fato da convivência, da intimidade, de rir juntos. As marcas da idade até se tornam parecidas, dizem os cientistas. Cristo se fez como nós e, como futura esposa, devemos carregar uma vida que reflita quem é nosso Noivo.

Cristo se fez como nós e, como futura esposa, devemos carregar uma vida que reflita quem é nosso Noivo.

Eu não sei que efeito isso tem em sua vida, mas deveria nos levar a uma maior gratidão, a louvores que deveriam durar uma eternidade. Deveria nos lembrar que não há amor maior que este – sermos chamados filhos de Deus, noiva de Cristo, templo do Espírito. Que tenhamos isso em nossos corações até o dia que as palavras de Apocalipse 22.4 se cumprirem:

“E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu Nome”.

Será Tarde Demais Para se Arrepender?


Será Tarde Demais Para se Arrepender?


Eu tenho o prazer de lidar com um grande número de pessoas que duvidam da sua fé cristã. Não, eles não são céticos do cristianismo (embora eu também lide com muitos desses), eles são cristãos que querem parar de duvidar. Eu digo “prazer” porque essas feridas, na maioria das vezes, podem ser curadas, e eu me sinto honrado de ter este papel na vida de muitos crentes feridos.

Muitos destes cristãos sofrem com a agonia da incerteza, lutando para se manter acima da água. Eles duvidam da presença de Deus, do amor, da existência, e de sua salvação (entre outras coisas). Uma senhora, no ano passado, escreveu-me a cada três dias, lutando com o mesmo problema. Ela acreditava que Deus a odiava e que não poderia ser restaurada. Ela se referiu a muitas passagens em apoio à sua ansiedade. Havia o “pecado para a morte” em 1 João 5.16. E, claro, se referiu à “blasfêmia contra o Espírito” em Mateus 12.31. Mas a que repetidamente serve como ilustração é encontrada em Hebreus 12.17:

Pois sabeis que, posteriormente, querendo herdar a benção, [Esaú] foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado.

Esta é uma passagem verdadeiramente muito difícil, especialmente para aqueles que duvidam de sua fé e segurança no amor de Deus. Deixe-me tentar explicar de uma forma que venha, com esperança, consolar o coração partido espiritualmente.

Esaú foi impedido de se arrepender?

O arrependimento é o outro lado da fé. Quando vamos a Cristo, estamos arrependidos de muitas coisas, incluindo o nosso orgulho, que nos mantem longe de Deus desde o início. Estamos arrependidos de nosso antagonismo em relação a ele. Nosso arrependimento é ilustrado em nossos joelhos curvados. E então, confiamos que Deus nos perdoa. O assustador sobre esta passagem é que parece que Esaú está tentando voltar para Deus em arrependimento, mas ele não pode. Eu não acho que esse é o caso.

A questão é: O que Esaú estava buscando com lágrimas? O que é o “o”, de  Hebreus 12:17 (“com lágrimas, o tivesse buscado”)? Muitas pessoas acham que é o arrependimento. A ordem das palavras deixa outras possibilidades obscuras. Pelo valor nominal em muitas traduções, parece que é por arrependimento que Esaú está buscando. Observe as leituras nas seguintes traduções:

Almeida Revisada Imprensa Bíblica: Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou lugar de arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas.

Almeida Corrigida e Revisada Fiel: Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou.

Sociedade Bíblica Britânica: Pois sabeis que quando ele ainda depois desejava herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, embora o buscasse diligentemente com lágrimas. 
Cada uma destas traduções dá a impressão de que Esaú buscou basicamente por arrependimento. Se assim for, este é um motivo de grande preocupação, uma vez que ensina que talvez sejamos capazes de voltar para Deus com lágrimas, verdadeiramente procurando o arrependimento, mas não seremos capazes de encontrá-lo. Ela ensinaria que podem haver pessoas que realmente querem transformação a partir de seu pecado, mas não conseguem encontrar a misericórdia de Deus. Pode ensinar que você poderia se aproximar do trono de Deus pedindo o dom do arrependimento e ser desligado. Pode ensinar que há um momento nessa vida em que é tarde demais, não importa o quanto você deseja mudar. Isso é assustador.

Buscando arrependimento ou bênção?

No entanto, há uma outra, e eu acredito, maneira mais fiel de entender esta passagem. O pronome “o” não tem um, mas dois possíveis antecedentes. Quando estruturado na forma das traduções que citei, o jeito mais comum de ler é procurando a possibilidade mais próxima como o referente ao que Esaú procurou. E o mais próximo referente a “o” é realmente “arrependimento”. No entanto, a língua grega segue um conjunto de regras diferentes. A ordem das palavras é secundária à inflexão. A palavra “o” é um pronome feminino, o que significa que o substantivo que modifica será feminino também.

Neste verso há dois substantivos femininos no grego: “arrependimento” e “bênção”. Portanto, há duas opções viáveis aqui para o que Esaú buscou com lágrimas. Ou era arrependimento ou a bênção. Não é necessariamente preferível se basear em gramática e sintaxe, por isso temos de olhar para o contexto da história que o autor de Hebreus faz referência. Então, vamos olhar para a história de Esaú.

A perda da bênção de Esaú

Quando nos voltamos para a narrativa em Gênesis 27, vemos Esaú sendo enganado por Jacó e sua mãe, que lhe tiram sua benção. Após Esaú descobrir que tinha sido enganado e que Isaque abençoara a Jacó, ele se desesperou. Observe como a história continua:

Respondeu-lhe o pai: “Veio teu irmão astuciosamente e tomou a tua benção”. Disse Esaú: “Não é com razão que chama ele Jacó? Pois já duas vezes me enganou: tirou-me o direito de primogenitura e agora usurpa a bênção que era minha.” Disse ainda: “Não reservaste, pois, bênção nenhuma para mim?” Então, respondeu Isaque a Esaú: “Eis que o constituí em teu senhor, e todos os seus irmãos lhe dei por servos; de trigo e de mosto o apercebi; que me será dado fazer-te agora, meu filho?” Disse Esaú a seu pai: “Acaso, tens uma única bênção meu pai? Abençoa-me, também a mim, meu pai.” E, levantando Esaú a voz, chorou.

Esaú, de fato, chorou e se arrependeu. Mas o que fez ele chorar? Foi a perda de sua bênção. O contexto em Gênesis é claro. Acredito que devemos ver a passagem de Hebreus pelo contexto do enredo original. O autor de Hebreus está dizendo que Esaú buscou a sua bênção, não arrependimento, com lágrimas.

Graça Radical

A Bíblia ensina que nunca existirá um dia antes da morte em que o arrependimento estará além do nosso alcance. Isso é o que continuei dizendo a senhora que falei anteriormente. Mesmo o ladrão na cruz encontrou humilde arrependimento em suas palavras a Jesus: “Lembra-te de mim quando entrares no teu reino”.

Esta é a maravilha do nosso Deus e do evangelho. O amor de Deus torna o arrependimento sempre aceitável, não importa onde você se encontra na vida. Se você buscar por arrependimento, você vai encontrar. A graça de Deus é radical.

Só os Músicos São Levitas?


Só os Músicos São Levitas?


Há um enorme equívoco no meio evangélico que se enraizou na mente de alguns crentes, quando o músico, ou ministro de louvor é exclusivamente chamado de levita da casa de Deus. Assim como muitos erros de interpretação bíblica causaram enormes contradições pela falta de harmonização de textos com contextos, apesar do caso aqui exposto se tratar de contexto remoto, gramatical, histórico e cultural, a comparação feita especialmente do músico atual para com o levita da Bíblia é mais um exemplo disso.

Mas, quem eram, de fato, os levitas descritos na Bíblia? O que eles realmente faziam? Que ligações possuem os levitas das Escrituras com os “levitas” de nossos dias? Quais os equívocos causados quanto ao assunto em questão?

Os levitas eram os membros da tribo de Levi, terceiro filho do patriarca Jacó. Formavam uma tribo separada, sem território, sem herança terrena, sem recenseamento com as demais tribos, porque tinham a benção do alto privilégio de ter o Senhor como sua posse (Dt. 10.9). Era a tribo dos sacerdotes (cohanim), descendentes de Arão, por sua vez descendente de Levi (Ex. 29.44; Nm. 3.10). Isso quer dizer que todo sacerdote (cohen) era levita, mas nem todo levita era sacerdote (Nm. 3.6ss).  É claro que encontramos pequenos resquícios literários de sacerdotes que não eram levitas, principalmente na época dos juízes e no início da monarquia, mas isso é um outro assunto.

As funções dos levitas

O Dr. Henry Hampton Halley, no “Manual Bíblico de Halley” mostra que o ministério levítico era amplo em suas atividades, diferente em relação ao que se pensa em nossos dias. Os levitas tinham uma atividade honrosa que compreendia: o serviço no santuário (Nm 3.6; 1º Cr 15.2) o auxílio nos sacrifícios (Jr. 33.18,22), no transporte da Arca da Aliança, na responsabilidade para com o ensino da Lei (Dt 31.9; 22.10), na música (1ª Cr. 25.1) e, no uso da autoridade para abençoar. “Parece, portanto, que os deveres dos levitas incluíam tanto o serviço de Deus como um papel de relevância no governo civil”, conclui Dr. Halley (Manual Bíblico de Halley – p. 222, Ed. Vida – 9ª reimpressão 2011).

Davi foi o responsável por inseriu a música como parte integrante do culto, afinal, ele era músico e compositor desde a sua juventude (1º Sm.16.23). Atribuiu a alguns levitas a responsabilidade musical. No 1º livro das Crônicas capítulos 9.14-33; 23.1-32; 25.1-7, vemos diversas atribuições dos levitas. Havia então entre eles porteiros, guardas, padeiros, cantores, instrumentistas e até o tesoureiro era levita (1ª Cr. 26.20-28; 2º Cr. 5.13; 34.12).

Os levitas em nossos dias

Deixo bem claro que o ministério levítico descrito na Bíblia, teologicamente interpretado, não possui sequer nenhuma ligação com os chamados “levitas cristãos” de nossos dias. A começar pela ampla organização ministerial, postura, atividade, contexto histórico, religioso e cultural, promessas bíblicas, seleção, critérios, períodos e épocas.

Mas, não poderia deixar de considerar a forma do uso atual, pois, se torna importante esclarecer aqui, que a verdade no que tange ao “levitismo evangélico”, ficou obscura por causa do erro interpretativo das Escrituras propagado pelos não estudantes da Bíblia. Ou seja, se queremos assim considerar o ministério levítico em nosso meio, á luz da Palavra de Deus, todos os que servem em qualquer ministério relacionado ao culto e ao templo, podem e devem ser chamados também de “levitas”.

A falsa ideia de que apenas músicos são levitas, mais uma vez considerando teologicamente o assunto no contexto atual, é totalmente contrária aos textos e relatos bíblicos. E mais, se torna um fato irônico chamar de levita aquele músico que, muitas vezes, exerce seu ministério na igreja tendo uma irreverência explícita no próprio culto, confundindo a adoração coletiva com seu show particular e, ignorando o conhecimento teológico e profundo da Palavra, o que o distancia mais ainda dos levitas bíblicos que possuíam grande sabedoria das Escrituras e extrema visão espiritual.

Concluo expressando o desejo de que os verdadeiros cristãos, que buscam para si a mesma nomeclatura do chamado levítico, possam exercer seus ministérios de uma forma em que suas ações possam refletir, pelo menos, uma expressiva parcela da responsabilidade, zelo, dedicação e compromisso dos levitas da Bíblia Sagrada.

Existe Realmente Poder em Nossas Palavras?


Existe Realmente Poder em Nossas Palavras?


Há alguns dias entrei numa livraria evangélica. Olhando as novidades, vi, estupefato, que as obras que estavam à vista eram aquelas que falavam sobre o poder inerente da língua. Como: “Há poder em suas palavras”, “Zoe: a própria vida de Deus”, “A sua saúde depende do que você fala”, etc.
Conversando com a atendente perguntei-a sobre os livros que estavam mais escondidos, como por exemplo, os livros de teologia, de referências, de história da Igreja, etc. Ela respondeu-me que são livros que não sai das estantes, a não ser que algum pastor, professor ou seminaristas venham a adquiri-los. E disse-me que mais de 90% das pessoas que frequentam a livraria só compram livros dessa “nova teologia”.

É lamentável que isto seja um reflexo da falta de conhecimento da Igreja hodierna. As pessoas não querem mais pesquisar a fundo o que se vende ou se escuta por ai. Só querem bênçãos, sem se importar com o abençoador. Querem as coisas de Deus, embora não pensem em conhecê-lo. Buscam o pão da terra, mas rejeitam o pão do céu. Nestas poucas linhas tentarei demonstrar que apesar de estar impregnada na Igreja como um todo, a confissão positiva é uma falha grave da chamada “nova teologia”.

DEFININDO OS TERMOS

O que é o Movimento do Pensamento Positivo? É a crença em que o pensamento de uma pessoa é o fator primordial em relação a suas circunstâncias. Só em ter pensamentos positivos todas as influências e circunstâncias negativas serão vencidas.

E o Movimento de Confissão Positiva?
 É a versão cristianizada do pensamento positivo que essencialmente substitui a fé em Deus pela habilidade de ter fé em si mesmo. O simples fato de confessar positivamente o que se crê faz com que o desejo confessado aconteça.

O verbo decretar está sendo conjugado dia-a-dia pelas mais variadas denominações. Não são poucas as pessoas que usam o jargão evangélico: “Tá decretado!” Não faz muito tempo às famosas frases de efeito no meio evangélico eram outras bem menos danosas para a fé cristã, como, por exemplo: “O sangue de Cristo tem poder” – nem sempre usada no contexto correto –, “Tá amarrado!” etc.

Mas, qual o motivo da frase “tá decretado” – e suas variações – estar errada? Não temos que reivindicar os nossos direitos junto ao Pai? Não somos filhos do Rei? As nossas palavras não possuem poder?

Para responder, sinceramente, a estas e outras perguntas, gostaria de dar algumas explicações do por que não creio na assim chamada “confissão positiva”.

Devemos também lembrar-nos de que o termo “decreto” pertence somente ao Senhor de Toda Glória, como bem falou Rubens Cartaxo Junior: “Os Decretos eternos de Deus é exclusivo de Sua pessoa o qual fez desde a Eternidade – Sl 33.11; Is 14.26-27; 46.9-10; Dn 4.34-35; Mt 10.29-30; Lc 22.22; At 2.23; 4.27-28; 17.26; Rm 4.18; 8.18-30; I Co 2.7; Ef 1.11; 2.10; II Tm 1.8-9; I Pe 1.18-20. Estes textos demonstram que Deus tem um propósito, ou um plano, para o Universo que criou. Este plano existe antes da criação. É um plano sábio, de acordo com o conselho de Deus. Ninguém pode anulá-lo, pois é Eterno”.

A “confissão positiva” é parte da “teologia da prosperidade”, tão divulgada e recebida pela Igreja brasileira. Esta doutrina vem sendo divulgada há alguns anos no Brasil, especialmente por R. R. Soares que é o responsável pela divulgação dos livros de Kenneth E. Hagin, principal expositor desta doutrina. Hagin diz que recebeu a fórmula da fé diretamente de Jesus, e mandou escrever de 1 a 4 esta “fórmula”. Com ela, diz, pode-se conseguir tudo. Consiste em:

1 - “Diga a coisa”, positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo.
2 - “Faça a coisa”, o que nós fazemos irá determinar a nossa vitória.
3 - “Receba a coisa”, a fé irá dinamizar a ação e Deus tem que responder, pois está preso a “leis espirituais”.
4 - “Conte a coisa”, para que outras pessoas possam crer. Deve-se usar palavras como: decretar, exigir, reivindicar, declarar, determinar, e não se pode pedir “se for da tua vontade”, pois isso destrói a fé.

Não são poucos os líderes que adotam e pregam essa doutrina. Como disse o próprio R. R. Soares em uma entrevista para a Revista Eclésia, quando perguntado se ele era adepto da teologia da prosperidade, ele respondeu:

“…Agora, eu prego a prosperidade. Prefiro mil vezes pregar teologia chamada da prosperidade do que teologia do pecado, da mentira, da derrota, do sofrimento… A teologia da prosperidade, pelo que se fala por aí, eu bato palmas. Não creio na miséria. Essa história é conversa de derrotados. São tudo um bando de fracassados, cujas igrejas são um verdadeiro fracasso”.

Para muitos, ganhar e ter dinheiro viraram sinônimos de vitória. E o que mais nos impressiona é a suposta “base bíblica” para defender seus devaneios. Um exemplo clássico é o texto de Filipenses 4:13 – que virou um moto na boca dos cristãos hodiernos – que diz: “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece” . Só que os adeptos da teologia da prosperidade ignoram por completo o contexto da passagem. Veja o que diz os versos 11 e 12: “Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter em abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade”.

Em outras palavras Paulo diz-nos que poderia passar por qualquer situação – fome, abatimento, necessidade, ter de tudo e não ter nada – pelo simples fato de que a sua força, em momentos de tribulação ou não, era Jesus Cristo.

Esse movimento pensa que a língua e a mente têm um poder que pode criar as circunstâncias ao nosso redor. Não é mais do que uma 'parapsicologia evangélica'. Muitas das coisas que os “doutores da fé” dizem são clones dos ensinamentos do poder da mente, muito explorado pelo Dr. Joseph Murphy anos atrás. Ele escreveu alguns livros como: “Como usar as leis da mente”, “Conversando com Deus”, “As grandes verdades da Bíblia”, “A magia do poder extra-sensorial”, “O poder do subconsciente”, dentre outros.

Vou apenas citar um trecho do livro “A paz interior”, do Dr. Murphy para vermos que se parece muito com os “doutores da fé”. Comentando João 1:5-7 ele diz:

“As trevas referem-se à ignorância ou falta de conhecimento da maneira como a mente funciona. Estamos nas trevas quando não sabemos que somos o que pensamos e sentimos. O homem está num estado condicionado do Não-condicionado, com todas as qualidades, atributos e potenciais de Deus . O homem está aqui para descobrir quem é. Não é um autônomo. Tem a capacidade de pensar de duas maneiras: positivamente e negativamente . Quando começa a descobrir que o bem e o mal que experimenta são decorrentes exclusivamente da ação de sua própria mente, começa a despertar do senso de escravidão e limitação ao mundo exterior. Sem conhecer as leis da mente , o homem não sabe como produzir seu desejo”.

Vejamos ainda o que Jorge Linhares diz em seu livro: “Bênção e Maldição”, onde mostra um Deus dependente do homem, este é o Evangelho da Confissão Positiva e do Evangelho da Maldição – “Palavras produzem bênção… [ou] maldição… Palavras negativas… dão lugar a opressão demoníaca… …Palavras positivas (confissão positiva), amorosas, de fé, de confiança em Deus, liberam o poder divino para desfazer a opressão…”

SUPOSTA BASE BÍBLICA DA CONFISSÃO POSITIVA

Existem algumas supostas bases bíblicas que os defensores da confissão Positiva usam para defender esta doutrina, vamos dar apenas três passagens para não tomar muito tempo, no entanto, as demais passagens seguem basicamente esta linha de interpretação.

Marcos 11:22-23 – “E Jesus, respondendo, disse-lhe: Tende fé em Deus; Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito”.

Os defensores apregoam que o verso acima ensina que devemos ter a fé de Deus, ou seja, a confissão que gera as coisas. Declarar a existência de coisas que do nada virão a existir, podendo assim criar a realidade que quisermos.

O Pr. Jorge Issao Noda explica muito bem esta passagem em seu livro: “Somos deuses?”, ele diz:

“Copeland editou uma Bíblia de referência onde este texto tem uma leitura alternativa: ‘Tende a fé de Deus’. Capps, Price, Hagin, são unânimes nesta interpretação. Hagin afirma, inclusive, que ela está de acordo com a visão dos eruditos em grego. O texto diz: echete (tende) pistin (fé) theou (de Deus). De Deus? Então Deus tem fé! Sendo assim, os mestres da Fé têm razão. Os cristãos, através dos séculos, estiveram interpretando erroneamente este texto. Xeque-mate? De maneira nenhuma. Robertson, um dos maiores eruditos em grego, afirma que o texto deve ser traduzido para ‘tende fé em Deus’ porque se trata de um genitivo objetivo. Neste caso Deus não é o sujeito da fé (fé de Deus), mas o objeto da fé (fé em Deus). Os eruditos em grego maciçamente concordam com Robertson, contrariando a afirmação de Hagin”.

Temos que ter fé em Deus, essa nossa fé em Deus é que faz com que os montes que enfrentamos a cada dia sejam superados, não pelo poder inerente a fé, mas no poder inerente do doador da fé, ou seja, o nosso Deus. Sem essa fé não venceremos, mas com Ele somos mais do que vencedores.

Provérbios 6:2 – “E te deixaste enredar pelas próprias palavras; e te prendeste nas palavras da tua boca”.

Este texto, dizem, significa que o poder de não passar por problemas está na língua. No entanto, Salomão está falando da pessoa que ficou por fiador de outro, como expressa o versículo anterior: “Filho meu, se ficasse por fiador do teu companheiro, se deste a tua mão ao estranho, e te deixaste enredar pelas próprias palavras; e te prendeste nas palavras da tua boca”.

A Bíblia de Genebra explica o termo “enredado”: “Pedir dinheiro emprestado é uma coisa, mas prover segurança para outrem é caminhar para dentro de uma armadilha feita pelo próprio indivíduo”.

Provérbios 18:21 – “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto”.

Este versículo explica que devemos ter o cuidado de que nossas palavras não venham a nos trazer situações embaraçosas. Temos que saber como dizer as coisas, pois certamente colheremos situações que são causadas por nós mesmos. No entanto, este verso não dá margem para dizer que são as palavras em si que nos dá o controle das circunstâncias da nossa vida. São situações específicas e não o destino do ser humano que é traçado pela verbalização dos nossos desejos interiores. Palavras negativas ditas a um filho, por exemplo, podem sim trazer sérias complicações psicológicas no desenvolvimento sadio de um indivíduo. Mas nem isso pode ser regra geral, pois o contrário também ocorre. Ou seja, um filho pode receber maus estímulos psicológicos dos pais e usarem esses maus estímulos até para vencer na vida e serem pessoas melhores que seus pais. Nem sempre “filho de peixe peixinho é”.

Para uma compreensão melhor do que eu quero dizer, deixe-me mostrar-lhes algumas implicações práticas sobre a Confissão Positiva. Se você crer nesta doutrina, então terá que desconsiderar aquilo que eu irei falar a seguir. Mas se você quer ponderar o assunto, leia com atenção as frases seguintes:

IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DE SE CRÊR NA DOUTRINA DA CONFISSÃO POSITIVA

Citaremos algumas implicações preocupantes que comprovam a periculosidade desta doutrina para os cristãos menos desavisados:

1 – A Doutrina da confissão positiva aniquila a Soberania de Deus.

Deus não depende das palavras dos homens para agir. Deus é e sempre será Soberano. Soberania é o atributo pelo qual Deus possui completa autoridade sobre todas as coisas criadas, determinando-lhe o fim que desejar (Gn 14:19; Ne 9:6; Ex 18:11; Dt 10:14-17; I Cr 29:11; II Cr 20:6; Jr 27:5; At 17:24-26; Jd 4; Sl 22:28; 47:2,3,8; 50:10-12; 95:3-5; 135:5; 145:11-13; Ap.19:6).

Já imaginou um Deus que depende do homem para agir? Com certeza Ele entraria em enrascada se estivesse sujeito às oscilações da vontade humana. Eu mesmo não queria um Deus desse tipo. Prefiro o Deus da Bíblia que “tudo faz como lhe apraz”. (Sl 115:3).

2 – A Doutrina da confissão positiva enaltece o homem.

Quando entendemos biblicamente quem na realidade é o homem, ficamos sobremaneira conscientes de nossas falhas e limitações. Quanto mais a confissão Positiva enaltece o homem, mais eu vejo o seu erro. A Bíblia nos mostra claramente que o homem nada é comparado ao Senhor nosso Deus.

A Bíblia retrata como na verdade é o homem (Ezequiel 16:4-5; Is 1:6 Rm 3:10-18; Sal 51:5; 58:3; Is 48:8; João 5:40; Rm 1:28; 3:11, 18; II Pedro 3:5; Rm 8:8; Jr 13:23; João 6:44-45; Rm 8:6-8; Ef 4:18; Rm 1:21; Jr 17:9).

3 – A Doutrina da confissão positiva dá mais valor a palavra falada do que às Escrituras.

Onde fica a luta de reformadores como Lutero? Muitos foram aqueles que lutaram para que hoje tivéssemos a Palavra de Deus em nossas mãos. Muito sangue foi derramado para que pudéssemos ler às Escrituras sem a interferência da vontade humana. Onde fica o princípio da “Sola Scriptura”? A Bíblia deixou de ser relevante para as nossas vidas? Creio firmemente que não e os textos bíblicos confirmam isso – Sl 19:7-11; Sl 119; Jo 5:39; Rm 15:4; II Tm 3:16-17.

Amado irmão, se precisássemos apenas falar e declarar para que as circunstâncias adversas fossem resolvidas e vivêssemos rica e abundantemente sem problemas, então porquê a Bíblia dá tanta ênfase a suportar o sofrimento? Se Paulo tivesse o poder de parar de sofrer decretando, então como foi que ele teve que ficar com o espinho na carne? Deixemos de incoerência e vivamos a verdade da Palavra do Senhor!

“Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte”. II Co 12:10.

4 – A Doutrina da confissão positiva dá um conceito simplista da fé cristã.

O evangelho de Cristo é o evangelho da cruz, da renúncia, do arrependimento, do nascer de novo. O cristianismo de hoje é um cristianismo sem cruz, sem sacrifícios. Gosto de dizer que é o “evangelho boa vida”, evangelho “não-faça-nada-e-ganhe-tudo”. Esse não é o evangelho de Cristo. Basta vermos alguns textos para comprovar o que estou dizendo – Jo 3; Mt 16:24; Mc 8:34; Lc 9:23; Gl 6:12; Mt 3:8; Lc 5:32; II Pe 3:9, etc.

5 – A Doutrina da confissão positiva não tem o respaldo na História da Igreja.

Fico imaginando Lutero ou Calvino orando da seguinte maneira: “Eu decreto que a partir de hoje o papado vai morrer, reivindico que todos os inimigos do evangelho sejam transportados para o inferno. Declaro explicitamente que não mais haverá mais heresias e que os inimigos da cruz de Cristo vão desaparecer da face da terra. Está decretado em nome de Jesus!”

Essa oração nunca aconteceu. Dentro da História da Igreja não se tem notícia de coisas absurdas como essa. Será que todos os grandes homens de Deus estavam enganados a respeito de sua fé? Quando examinamos biografias diversas dos homens de Deus, seja de quem for, notamos uma única nota coerente em todos: Verdadeira humildade. Todos foram humildes em afirmar a soberania de Deus e a fraqueza do homem. Agora, o homem quer mandar em Deus? Meus amados somos servos e não senhores. E basta para nós sermos apenas servos.

Conclusão: Estude a Palavra e não fique por ai repetindo, como papagaio, aquilo que você escuta na televisão. É muito fácil pregar heresias. É muito prático dizer um “abracadabra” evangélico para que tudo se resolva. Difícil é estudar com afinco às Escrituras, passar horas debruçado sobre as páginas santas desse livro. Buscar de Deus o verdadeiro sentido da vida, entender às verdades centrais desse livro, no entanto, é salutar.

Como a Igreja do Senhor está precisando de bereanos hojeem dia. Vocêquer ser um deles? Oxalá que sim! Deus o abençoe.

A Loucura do Evangelho ou as Loucuras dos Evangélicos


A Loucura do Evangelho ou as Loucuras dos Evangélicos


O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios que a palavra da cruz é loucura para a mente carnal e natural, para aqueles que estão perecendo (1Co 1:18, 21, 23; 2.14; 3.19). Ele mesmo foi chamado de louco por Festo quando lhe anunciava esta palavra (Atos 26.24). Pouco antes, ao passar por Atenas, havia sido motivo de escárnio dos filósofos epicureus e estóicos por lhes anunciar a cruz e a ressurreição (Atos 17:18-32). O Evangelho sempre parecerá loucura para o homem não regenerado. Todavia, não há de que nos envergonharmos se formos considerados loucos por anunciar a cruz e a ressurreição. Como Pedro escreveu, se formos sofrer, que seja por sermos cristãos e não como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outros (1Pedro 4.15-16).
Nesta mesma linha, na carta que escreveu aos coríntios, o apóstolo Paulo, a certa altura, pede que eles evitem parecer loucos: "Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos?" (1Co 14:23). Ou seja, o apóstolo não queria que os cristãos dessem ao mundo motivos para que nos chamem de loucos a não ser a pregação da cruz.

Infelizmente os evangélicos - ou uma parte deles - não deu ouvidos às palavras de Paulo, de que é válido tentarmos não parecer loucos. Existe no meio evangélico tanta insensatez, falta de sabedoria, superstição, coisas ridículas, que acabamos dando aos inimigos de Cristo um pau para nos baterem. Somos ridicularizados, desprezados, nos tornamos motivo de escárnio, não por que pregamos a Cristo, e este, crucificado, mas pelas sandices, tolices, bobagens, todas feitas em nome de Jesus Cristo.

O que vocês acham que o mundo pensa de uma visão onde galinhas falam em línguas e um galo interpreta falando em nome de Deus, trazendo uma revelação profética a um pastor? Podemos dizer que o ridículo que isto provoca é resultado da pregação da cruz? Ou ainda, o pastor pião, que depois de falar línguas e profetizar rodopia como resultado da unção de Deus? Ou ainda, a "unção do leão" supostamente recebida da parte de Deus durante show gospel, que faz a pessoa andar de quatro como um animal no palco?

Eu sei que vão argumentar que Deus falou através da burra de Balaão, e que pode falar através de galináceos ungidos. Mas, a diferença é que a burra falou mesmo. Ninguém teve uma visão em que ela falava. E deve ter falado na língua de Balaão, e não em línguas estranhas. Naquela época faltavam profetas - Deus só tinha uma burra para repreender o mercenário Balaão. Eu não teria problemas se um galinheiro inteiro falasse português na falta de homens e mulheres de Deus nesta nação. Mas não me parece que este é o caso.

Sei que Deus mandou profetas andarem nus e profetizarem e fazerem coisas estranhas como esconder cintos de couro para apodrecerem. E ainda mandou outros comerem mel silvestre e gafanhotos e se vestirem de peles de animais. Tudo isto fazia sentido naquela época, onde a revelação escrita, a Bíblia, não estava pronta, e onde estes profetas eram os instrumentos de Deus para sua revelação especial e infalível. Não vejo qualquer semelhança entre o pastor pião, a pastora leoa e o profeta Isaías, que andou nu e descalço por três anos como símbolo do que Deus haveria de fazer ao Egito e à Etiópia (Is 20:2-4).

Eu sei que o mundo sempre vai zombar dos crentes, mas que esta zombaria, como queria Paulo, seja o resultado da pregação da cruz, da proclamação das verdades do Evangelho, e não o fruto de nossa própria insensatez.

Eu não me envergonho da loucura do Evangelho, mas das loucuras de alguns que se chamam de evangélicos.

O Velho Problema da Disciplina na Igreja Graça e Verdade


O Velho Problema da Disciplina na Igreja
Graça e Verdade


"... a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (Jo.1.17).

O Evangelho de João é fascinante! Narrado dentro de uma perspectiva diferente, traz uma riqueza ímpar, uma profundidade teológica, um toque diferente de conhecimento da cultura tanto judaica quanto grega!

Em João 1.17, por exemplo, o filho de Zebedeu coloca a Lei de Moisés em contraposição à graça e verdade que há em Cristo. A palavra verdade no A. T. é traduzida do hebraico "hemeth" que significa honestidade, integridade, fidelidade. No Antigo Testamento, principalmente após a promulgação da lei mosaica, a verdade estava diretamente associada à Lei e assumia uma função acusadora, julgadora e condenatória. Havia muita rigidez na estrutura da Lei e na aplicação da pena ao transgressor. Alguém que transgredisse a lei seria morto "sem misericórdia" somente pela palavra de duas ou três testemunhas (Heb. 10.28). A Lei do Talião prometia vingança dentro de um ajuste de contas sem misericórdia, pois era baseada no sistema de recompensas(1).

Verdade no Novo Testamento vem do grego "alétheia" e significa completo, perfeito, real, absoluto, algo que quando posto ao lado de um simulacro denuncia o engodo, o imperfeito e incompleto. Pode ser compreendida ainda como algo que não pode ser oculto ou escondido. Por isso, Jesus podia dizer: "Eu sou o caminho, a Verdade e a vida e ninguém vem ao Pai a não ser por mim" (João 14.6), posto que Ele é absoluto, perfeito, completo e nele não há falta de nada. No conceito de Agostinho a verdade absoluta é Theos, isto é Deus. Isso refere-se também à suas palavras: realidade no sentido de coerência em sua vida e palavras.

O escritor sacro tem a intenção clara de estabelecer um paralelo entre Lei e Graça. Justapõe graça e verdade para contrapô-las à Lei. A Bíblia diz a Graça e a Verdade e não a Verdade e a Graça. E por que a graça vem primeiro e de forma tão abundante?(2) Para mostrar a superioridade da nova aliança e se sobressair ao rigor da lei no testamento anterior. Portanto, a graça surge como a grande novidade do amor de Deus no Evangelho.

Jesus traz a realidade em si, a verdade como ela é, sabendo que os homens não subsistiram ao rigor da Lei, por isso ele mesmo veio cheio de graça e de verdade. Essa junção, graça e verdade, fala da flexibilidade amorável e da justiça de um Deus que resolveu salvar os pecadores, fazendo justiça não pelas obras da lei, nem pelas boas obras dos homens, mas pela Graça e pela justiça que é segundo a fé (Ef.2.8).

Quem não conhece a máxima da introdução do Direito na Roma Antiga: "Dura lex, sede lex", a lei é dura, mas é a lei. A lei de Moisés igualmente era dura e todos deveriam cumpri-la em qualquer ocasião, embora ninguém pudesse fazê-lo integralmente, senão Jesus - aquele que não tinha pecado e veio cheio de graça e de verdade.

As grandes estruturas, como prédios, viadutos, estádios de futebol, torres construídas com ferro e concreto são edificados com certa flexibilidade para não ruirem frente aos grandes abalos. Toda estrutura muito rígida, se não tiver um pouco de flexibilidade, está fadada à ruina. Assim também a doutrina cristã tem verdade, realidade, mas também tem graça. Havia um tempo na igreja em que o irmão disciplinado era desprezado e os outros evitavam comunhão ou contato com ele. Foi por esse tempo que ouvi alguém falando de um pastor que, obrigado a disciplinar a própria filha que havia ferido a doutrina, teria feito um apelo em lágrimas diante da igreja: "Irmãos, não desprezem minha filha. Ajudem minha filha, porque na minha casa tem verdade, mas também tem graça".

A disciplina na igreja é indispensável, pois quem está sem discipina é como um "bastardo" e não filho (Heb.12.8). Contudo, a rigidez de muitas igrejas têm gerado crentes "domados" pela religião que adestra mais do que edifica. Muitas igrejas evangélicas ainda guardam resquício do catolicismo romano anterior à Reforma em suas cartilhas doutrinárias. Conservam a imagem do Deus da Idade Média, a idéia de um Divindade irada contra os moradores da Terra, destilando ódio e prometendo castigo, quando o Evangelho revela um Deus gracioso, um Pai amoroso, disposto a perdoar para "não quebrar" o indivíduo. A consequência da rigidez na estrutura da igreja é a formação de uma geração de crentes inseguros, medrosos, que não se sentem filhos de Deus e que não têm certeza da salvação. Porém, a disciplina deve observar princípios estabelecidos pelas Escrituras e dentro da natureza do binômio graça-verdade. Na disciplina deve-se observar seu caráter formativo e correcional. O caráter formativo baseia-se na instrução da igreja aos membros para prevenção. Já o correcional, como o próprio nome sugere, tem por base a correção. Não como uma igreja que leva o nome de cristã, onde se um membro pecar o problema passa a ser dele com Deus: "A Igreja", dizem eles, "não pode fazer mais nada, agora é com você e Deus".

A disciplina cristã deve ter como fim a restauração do irmão faltoso e não o "apedrejamento" público, pelo fato de o cristão ser falível. Por outro lado, igreja que não tem disciplina cria filhos bastardos e gera desordem e indecência, envergonhando o nome da Igreja de Cristo. Precisamos de igrejas que nos digam o que é pecado, o que é errado, o que podemos e o que não podemos fazer, segundo as Escrituras e não segundo os homens. Não precisamos de igrejas moralmente frouxas que só levam o título de cristãs. Igualmente não precisamos de igrejas inquisidoras ou indulgentes no sentido de condescendentes e tolerantes com a prática do pecado.

A correção não deve ser parcial, mas indiscriminatória. Todos que pecarem devem ser corrigidos e não somente os pequenos, os pobres e os indoutos, mas também os ricos, os cultos, os ilustres e, claro, as autoridades eclesiásticas. Para se ter verdade, realidade, é preciso fazer sem vantagem ou direito exclusivo. A verdade é verdade para todos, sem discriminação. A graça é graça para todos e não privilégio de alguns. Acima de tudo, todos que pecarem devem ser restaurados para o perdão e comunhão. A Igreja precisa, como Jesus, ser cheia de Graça e Verdade para com seus membros.

Ao concluir quero afirmar que se Jesus tivesse vindo apenas com a verdade, estaríamos perdidos. A mulher adúltera teria sido apedrejada (Jo.8), Zaqueu não poderia recebê-Lo em sua casa (Lc.19.10) e o ladrão da Cruz (Lucas 23.43) onde estaria? E os outros? Confesso que sem a manifestação da Graça (Tt. 2.11) eu não teria a menor chance. Você teria? Dou graças a Deus que na minha trajetória fui muitas vezes disciplinado pelo Senhor e muito mais vezes alvo da Sua graça e por ela beneficiado.

"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de Graça e de Verdade" (Jo.1.14).

Deus abençoe a todos.

Maranata. Ora vem Senhor Jesus!

(1) Existe uma tradição rabínica, uma linha de interpretação mais humana para a Lei de Moisés, que julga que a Lei visava com "olho por olho" a restituição e não a vingança. Todavia, não é isso que está demonstrado na história, seja no Código de Hamurabi ou na própria lei de Moisés na Bíblia.
(2) A palavra graça aparece três vezes em Jo. 1.14-17 

A Quebra de Maldições é Bíblica?



A Quebra de Maldições é Bíblica?


Uma das tendências do movimento de 'Batalha Espiritual' é adicionar à obra de Cristo uma complementação feita por peritos em maldições. É ensinada claramente a necessidade de se quebrar as maldições hereditárias e de se anular compromissos que ficaram pendentes com o diabo, mesmo após a pessoa ter sido convertida a Cristo. Ensina-se que herdamos as maldições que acompanharam nossos antepassados, por causa de seus pecados e pactos demoníacos, e que precisamos anulá-las.

Êxodo 20 e Ezequiel 18

Geralmente o texto usado para defender este ponto é Êxodo 20.5, em que Deus ameaça visitar a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração dos que o aborrecem. Entretanto, ensinar que Deus faz cair sobre os filhos as conseqüências dos pecados dos pais, é só metade da verdade revelada.

A Escritura nos diz igualmente que se um filho de pai idólatra e adúltero vir as obras más de seu pai, temer a Deus e andar em seus caminhos, nada do que o pai fez virá a cair sobre ele. A conversão e o arrependimento individuais "quebram", na existência das pessoas, a "maldição hereditária" (um efeito somente possível por causa da obra de Cristo). Este foi o ponto enfatizado pelo profeta Ezequiel em sua pregação ao povo de Israel da época (leia cuidadosamente Ezequiel 18). A nação de Israel havia sido levada em cativeiro para a Babilônia, e os judeus cativos se queixavam de Deus dizendo "Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos é que se embotaram...” (Ez 18.2b) - ou seja, "nossos pais pecaram, e nós é que sofremos as conseqüências". Eles estavam transferindo para seus pais a responsabilidade pelo castigo divino que lhes sobreveio, que foi o desterro para a terra dos caldeus. Achavam que era injusto que estivessem pagando pelo pecado de idolatria dos seus pais. Usavam um provérbio da época, que nos nossos dias seria mais ou menos assim: "Nossos pais comeram a feijoada, mas nós é que tivemos a dor de barriga...”.

Através do profeta Ezequiel, Deus os repreendeu, afirmando que a responsabilidade moral é pessoal e individual diante dele: "A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai... " (Ez 18.4b, 20). E que pela conversão e por uma vida reta, o indivíduo está livre da "maldição" dos pecados de seus antepassados (ver 18.14-19). Esta passagem é muito importante, pois nos mostra de que maneira o próprio Deus interpreta (através de Ezequiel) o significado de Êxodo 20.5. Ou seja, o segundo mandamento prevê a visitação do juízo divino sobre os descendentes de homens ímpios, descendentes estes que aborrecem a Deus como seus pais. Várias passagens no próprio Pentateuco deixam claro que a retribuição divina sobre os filhos dos que aborrecem a Deus é descontinuada a partir do momento em que estes filhos se arrependem de seus próprios pecados, e os confessam a Deus, confessando igualmente os pecados de seus pais, como Levítico 26.39-42.
Encontramos a mesma idéia em Nm. 14.13-34. Nesta passagem vemos claramente como a misericórdia e a longanimidade de Deus atuam em conjunto com sua justa ira contra os rebeldes e pecadores. Após a revolta do povo de Israel contra Deus, inflamados pelo relato desanimador dos dez espias incrédulos, o Senhor Deus condenou aquela geração incrédula a perecer no deserto. Seus filhos haveriam de levar sobre si as infidelidades de seus pais, até que estes morressem (v.33), após o que, os filhos entrariam na terra (v. 31). Aplicando aos nossos dias, fica evidente que o crente verdadeiro já rompeu com seu passado e com as implicações espirituais dos pecados dos seus antepassados, quando, arrependido, veio a Cristo em fé.

Liderando Com a Próxima Geração


Liderando Com a Próxima Geração


Temos que capacitar a próxima geração.
Parece haver um debate interminável sobre o choque cultural entre líderes estabelecidos e líderes emergentes, especialmente no mundo da igreja. (Se esta frase “líder emergente” é nova para você, tente se acostumar).

Algumas das coisas que li faz com que a situação pareça sem esperança. Mas quando eu li a Bíblia, que diz que não há nada de novo sob o sol, eu espero que duas gerações possam trabalhar e liderar juntos.

Paulo e Timóteo. Elias e Eliseu. Moisés e Josué.

E lá estava o rei Saul e Davi, pelo menos por um par de capítulos. Eu sei que nós, geralmente não vemos o rei Saul como um modelo de líder, mas quando em termos de capacitação de líderes da próxima geração há muito a aprender com ele. (Veja 1 Samuel 17:38-40)

Saul deu a Davi sua armadura para lutar contra Golias. A geração de Davi tinha sua própria maneira de lutar contra gigantes – paus, pedras e fundas. Isso estava ok para Saul. Assim, com um pedaço de pau na mão e uma funda na outra, Davi plantou uma pedra na cabeça de Golias.

Eis algumas lições de liderança que, líderes estabelecidos e líderes emergentes devem aprender, se esperam matar os gigantes modernos que zombam nosso Deus:

- Como Saul, que achava que ele estava ajudando e protegendo Davi, líderes estabelecidos muitas vezes forçam sua armadura na próxima geração.

- Como a maioria dos líderes emergentes, Davi não estava confortável lutando com a armadura de Saul.

- Ao contrário de muitos líderes estabelecidos, Saul realmente ouviu as queixas da próxima geração e autorizou Davi a escolher um estilo que lhe era confortável.

- Ao contrário de muitos líderes emergentes, Davi respeitosamente recusou a armadura de Saul. Davi não sarcasticamente zombou e estragou a armadura. Ele simplesmente disse que não estava confortável nele.

A minha geração sabe ensinar e liderar a próxima geração. Se levarmos a sério a alcançar os confins da terra, podemos aprender muito com Saul e Davi sobre como ouvir e liderar com a próxima geração.

O fato é que os líderes emergentes serão líderes estabelecidos mais cedo ou mais tarde, e terão que descobrir como liderar com o próximo grupo de líderes emergentes, que provavelmente vão pensar que o velho modo de fazer igreja é irrelevante e ultrapassado.

Adorando Como Corpo


Adorando Como Corpo


O salmista declara, “Alegrei-me quando me disseram, ‘Vamos à casa do Senhor! ’” (Sl 122.1.  Distrações mundanas, teologia ruim, ou o pecado que habita em nós podem nos fazer perder de vista  por que nós devemos estar alegres quando nos encontramos para o Dia do Senhor.  Podemos até começar a pensar que nossas devocionais individuais são um substituto adequado, se não superior, no que diz respeito a ir à Igreja.

Claro, tanto a adoração individual quanto a coletiva são vitais para o nosso relacionamento com Deus, mas existem algumas razões para o escritor de Hebreus nos admoestar a não seguir o “hábito de alguns” de negligenciar se encontrarem com outros (Hb 10.25). Aqui estão algumas dessas razões:

OBEDIÊNCIA À PALAVRA DE DEUS

Enquanto Hebreus 10.25 diz diretamente que não devemos negligenciar nos encontrarmos uns com os outros, o repetido uso da frase “quando vocês se encontrarem” por Paulo, em 1 Coríntios 11 e 14, indica que os Coríntios se reuniam em assembleia regularmente.  Ele muitas vezes se refere à igreja na casa de fulano e sicrano, e nós podemos assumir que ele não falava da igreja como uma estrutura física, mas como pessoas que regularmente se encontravam naquela casa.

O ESPÍRITO TRABALHANDO ATRAVÉS DOS OUTROS

Nós devemos ser capazes de nos encorajar no Senhor através do estudo da Bíblia, oração e adoração com músicas, mas Deus também nos ordena explicitamente a estarmos uns com os outros. “O olho não pode falar para a mão, ‘Eu não preciso de você’, ou a cabeça ao pé, ‘Eu não preciso de você’” (1 Co12.21). Ninguém tem todos os dons. Deus não trabalhará em mim através de dons como pregação, encorajamento, compaixão, liderança e fé, se eu não estiver presente para experimentar esses dons.

SERVINDO EM AÇÃO E ATITUDE

Quando eu canto a Deus, oro, ou leio as Escrituras sozinho, eu estou sendo abençoado. Quando eu faço isso com outros, posso ser um meio de demonstrar as variadas formas da graça de Deus para com eles (1 Pedro 4.10). Meu semblante e entusiasmo , assim como o desenvolvimento dos meus dons espirituais, são todos caminhos em que eu posso apontar pessoas para a grandiosidade do Deus que adoramos. Colossenses 3.16 nos diz que cantar é um dos jeitos de ensinar e admoestar uns aos outros. Isso requer muito mais do que cantar sozinho com meu iPod.

MANIFESTAÇÃO DA PRESENÇA DE DEUS

Enquanto tratava da preferência dos coríntios por certos dons espirituais, Paulo nota como esses dons podem alertar um incrédulo sobre a presença de Deus. David Peterson escreve: “1 Co. 14.24-25 sugere que Deus está presente de um jeito distinto nas reuniões cristãs através da Sua Palavra  e pela operação do Espírito” (Engaging with God, 196) . Sem fazer encontros experimentais com Deus como nosso objetivo primário, nós devemos esperar que Deus nos faça mais conscientes da Sua presença quando nos encontramos com outros.

A VOZ DE DEUS ATRAVÉS DA PREGAÇÃO

A tecnologia nos permite ouvir sermões que perdemos ou mensagens de igrejas das quais não frequentamos, mas quando a igreja se reúne em um lugar e em uma mesma hora para ouvir a Palavra de Deus proclamada, é um evento único. O próprio Deus nos chama de Seu povo. O Espírito trabalha nos nossos corações para convencer, confortar, iluminar e exortar. Nós ouvimos a voz de Deus através de pessoas  e somos transformados.

DEMONSTRANDO A UNIDADE NO EVANGELHO

Ser um em Cristo é mais do que se encontrar regularmente em uma sala, mas não é menos. Cantar canções, recitar crenças e ler as Escrituras juntos é um jeito de declarar a mim mesmo e aos outros que eu faço de um templo santo, não apenas  um tijolo aleatório ou uma pedra solta (Ef 2.19-22). “A proclamação cristã pode fazer o evangelho audível , mas cristãos juntos em congregação tornam o evangelho visível (veja João 13.34-35)” (Mark Dever, The Church: The Gospel Made Visible, p. xi).

MORRENDO PARA VOCÊ

Vamos encarar – é muito mais fácil adorar a Deus sozinho do que com outras pessoas. Os encontros na igreja nos introduzem  a muitos agravantes, como estacionamento insuficiente, pessoas sentando no meu lugar, vozes desagradáveis, músicas que eu não prefiro e pessoas problemáticas. Mas é isso que torna esses encontros oportunidades ideais para cultivar a humilde atitude de Cristo (Fl 2.1-5) e morrer para nós mesmos.

ANTECIPAÇÕES DO CÉU

Quer saber como vai ser o céu? Vá à igreja. A cantoria pode não ser tão estelar quanto, o número pode estar drasticamente reduzido, as pessoas podem ter vindo de uma mesma etnia, mas Hebreus 12 diz que nós já chegamos à “Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; a universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos no céu, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados ; e a Jesus, o Mediador de uma nova aliança” (v. 22-24). Jesus nos trouxe para perto do Pai através do Sua obra expiatória consumada no Calvário. Podemos nos achegar  com ousadia junto ao trono da graça do Seu povo (Hb 10.19-22). Isso é o céu.

Então, da próxima vez que você for tentado a pensar que faltar o culto de domingo não vai doer, lembre-se do que você estará perdendo. E agradeça a Deus por você ter o privilégio e a liberdade de desfrutar da adoração coletiva com o corpo de Cristo toda semana. 

Naum - O Limite da Tolerância Divina


Naum - O Limite da Tolerância Divina


Peso de Nínive. Livro da visão de Naum, o elcosita. O SENHOR é um Deus zeloso e que toma vingança; o SENHOR toma vingança e é cheio de furor; o SENHOR toma vingança contra os seus adversários e guarda a ira contra os seus inimigos. O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em força e ao culpado não tem por inocente; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés. Ele repreende o mar, e o faz secar, e esgota todos os rios; desfalecem Basã e Carmelo, e a flor do Líbano se murcha. Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na sua presença, sim, o mundo e todos os que nele habitam. Quem parará diante do seu furor? E quem subsistirá diante do ardor da sua ira? A sua cólera se derramou como um fogo, e as rochas foram por ele derribadas. (Na 1.1-6)

Diferente daquilo que alguns ensinam, no versículo terceiro, geralmente utilizado como palavra de conforto e consolo, Deus não tem “um” caminho na tormenta, mas tem “o” seu caminho na tormenta. O comentário de Baker (Naum: Introdução e Comentário, Vida Nova, 2001, p. 305) é bastante pertinente:

O poder de Deus na ordem criada é visto na íntima associação que ele tem com algumas manifestações poderosas da criação, como o “turbilhão” (IBB) e a tempestade (cf. Sl 83.15; Is 29.6), em que ele percorre seu caminho levantando nuvens com os pés, tal como os israelitas levantavam pó em suas viagens. Seu poder também é visto em sua capacidade de reverter a criação, secando o mar e os rios (cf. Is 42.15; 50.2; Jr 51.36; Ap 21.1) e fazendo murchar (Is 16.8; 24.4; 33.9; Jl 1.10, 12) regiões de produtividade proverbial (Basã, na Transjordânia; Carmelo, no norte de Israel e Líbano; cf. Is 33.9). Os fundamentos da própria terra reagem com terremoto (Sl 46.3; Jr 4.24) e derretimento (Sl 46.6; Am 9.5; cf. Am 9.13 quanto ao uso do verbo “derreter” com sentido positivo) diante da presença poderosa de Deus.

Dessa forma, o texto não fala do conforto e do consolo de Deus para o seu povo, mas de sua ira e de seu furor contra os seus inimigos (1.8). Um texto fora do contexto é sempre um pretexto. Uma má leitura e interpretação comprometerão a exposição bíblica.

O LIMITE DA TOLERÂNCIA DIVINA

Nínive teve a sua oportunidade dada por Deus, onde num momento aproveitou (Jn 3-4), para depois voltar a pecar e tornar-se objeto da vingança divina (v. 2). Os termos hebraicos traduzido por “tomar vingança” e “vingança” são hemah, que significa ira, furor, calor, cólera, indignação, e naqam, que significa a tomada de vingança.

O senhor é tardio em irar-se (hb. ’arekh, de ânimo longo, longânimo, de temperamento brando, paciente), mas sua tolerância tem limites (v. 3).

A graça, a bondade, o perdão, o amor e a longanimidade de Deus não devem ser abusados. Deus é Deus de oportunidades, mas a próxima (ou a que passou) poderá ser a última.

Quando se abusa da tolerância divina é possível ser rejeitado pelo Senhor:

Porém Samuel disse a Saul: Não tornarei contigo; porquanto rejeitaste a palavra do SENHOR, já te rejeitou o SENHOR, para que não sejas rei sobre Israel. (1 Sm 15.26)

Quando se abusa da tolerância divina é possível ser entregue às próprias concupiscências, ser abandonado pelo Senhor, ser entregue a um sentimento perverso:

Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça;  porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; estando cheios de toda iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem. (Rm 1.16-32)

Quando se abusa da tolerância divina é possível ser vomitado pelo Senhor:

Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. (Ap 3.16)

Quando se abusa da tolerância divina é possível se privar de seu perdão:

Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro. (Mt 12.31-32)

O livro do profeta Naum nos serve de alerta quanto aos perigos de se “brincar” com Deus, de não levá-lo a sério.