quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Papa: Quaresma, tempo de se desligar do celular e se conectar com o Evangelho.

Papa: Quaresma, tempo de se desligar do celular e se conectar com o Evangelho


Papa: Quaresma, tempo de se desligar do celular e se conectar com o Evangelho
“Hoje, iniciamos o caminho quaresmal, caminho de quarenta dias em direção à Páscoa, rumo ao coração do ano litúrgico e da fé”, sublinhou Francisco. “É um caminho que segue o de Jesus, que no início de seu ministério se retirou por quarenta dias para rezar e jejuar, tentado pelo diabo, no deserto.”

O deserto é o lugar da Palavra de Deus

A seguir, o Papa se deteve no “significado espiritual do deserto, o que significa espiritualmente o deserto para todos nós, também para nós que vivemos na cidade” e convidou os fiéis a imaginarem de estar num deserto. “A primeira sensação seria de estar envolvidos num grande silêncio: sem barulho, a não ser do vento e da nossa respiração”, disse ele.
O deserto é o lugar em que se toma distância do barulho que nos circunda. É ausência de palavras para dar espaço a outra Palavra, a Palavra de Deus, que acaricia o nosso coração como a brisa suave. O deserto é o lugar da Palavra, com letra maiúscula. Na Bíblia, o Senhor gosta de conversar conosco no deserto. No deserto, ele entrega a Moisés as “dez palavras”, os dez mandamentos. E quando o povo se afasta Dele, tornando-se como uma noiva infiel, Deus diz: «Vou levá-la ao deserto e conquistar seu coração. Lá me responderá, como nos dias de sua juventude». No deserto, se ouve a Palavra de Deus, que é como um som suave.

Quaresma, tempo de se desligar do celular e abrir a Bíblia

“No deserto, encontra-se a intimidade com Deus, o amor do Senhor. Jesus gostava de retirar-se todos os dias para lugares desertos para rezar. Ele nos ensinou a procurar o Pai, que nos fala no silêncio”, disse ainda Francisco, acrescentando:
“A Quaresma é o tempo propício para abrir espaço à Palavra de Deus. É o tempo para desligar a televisão e abrir a Bíblia. É o tempo para se desligar do telefone celular e se conectar com o Evangelho. É o tempo de renunciar a palavras inúteis, conversinhas, fofocas, mexericos e se aproximar do Senhor. É o tempo de se dedicar a uma ecologia saudável do coração, fazer uma limpeza nele. Vivemos num ambiente poluído por muita violência verbal, por muitas palavras ofensivas e nocivas, que a rede amplifica.”
“Hoje, se insulta como se dissesse “Bom dia”. Somos submergidos de palavras vazias, publicidades e anúncios falsos. Nos acostumamos a ouvir tudo sobre todos e corremos o risco de cair num mundanismo que atrofia os nossos corações. Custamos para distinguir a voz do Senhor que nos fala, a voz da consciência, do bem. Jesus, chamando-nos no deserto, nos convida a prestar atenção no que interessa, no que é importante, no essencial.”

O deserto é o lugar essencial

Ao diabo que o tentou, Jesus respondeu: “O homem não viverá somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. “Mais que o pão, precisamos da Palavra de Deus, precisamos falar com Deus: rezar”, disse ainda o Papa.
“O deserto é o lugar do essencial. Olhemos para as nossas vidas: quantas coisas inúteis nos circundam. Seguimos mil coisas que parecem necessárias, mas na realidade não são. Nos fará bem nos libertar de muitas realidades supérfluas a fim de redescobrir o que interessa e reencontrar o rosto de quem está ao nosso lado.” E sobre isso, Jesus nos dá o exemplo, jejuando. “Jejuar é saber renunciar às coisas vãs, supérfluas, para ir ao essencial. Jejuar não é apenas para emagrecer, jejuar é ir ao essencial, é buscar a beleza de uma vida mais simples”, sublinhou Francisco.

O deserto é o lugar da solidão

Por fim, o Papa disse que o deserto “é o lugar da solidão”. “Ainda hoje, perto de nós, existem muitos desertos, muitas pessoas sozinhas. São pessoas sós e abandonadas”.
“Quantos pobres e idosos estão ao nosso lado e vivem em silêncio, sem fazer barulho, marginalizados e descartados!”
“Falar sobre eles não faz audiência. Mas o deserto nos leva a eles, àqueles que, em silêncio, pedem a nossa ajuda. Muitos olhares silenciosos que pedem a nossa ajuda. O caminho no deserto quaresmal é um caminho da caridade para com os vulneráveis. Oração, jejum e obras de caridade: eis o caminho no deserto quaresmal”, concluiu o Papa.
Texto: Mariangela Jaguraba – Vatican News
Foto capa: Daniel Ibanez / ACI Prensa

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2020

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 20
20

«Em nome de Cristo, suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5, 20)

Queridos irmãos e irmãs!
O Senhor concede-nos, também neste ano, um tempo propício para nos prepararmos para celebrar, de coração renovado, o grande Mistério da morte e ressurreição de Jesus, perne da vida cristã pessoal e comunitária. Com a mente e o coração, devemos voltar continuamente a este Mistério. Com efeito, o mesmo não cessa de crescer em nós na medida em que nos deixarmos envolver pelo seu dinamismo espiritual e aderirmos a ele com uma resposta livre e generosa.
1. O Mistério pascal, fundamento da conversão
A alegria do cristão brota da escuta e receção da Boa Nova da morte e ressurreição de Jesus: o kerygma. Este compendia o Mistério dum amor «tão real, tão verdadeiro, tão concreto, que nos proporciona uma relação cheia de diálogo sincero e fecundo» (Francisco, Exort. ap. Christus vivit, 117). Quem crê neste anúncio rejeita a mentira de que a nossa vida teria origem em nós mesmos, quando na realidade nasce do amor de Deus Pai, da sua vontade de dar vida em abundância (cf. Jo 10, 10). Se, pelo contrário, se presta ouvidos à voz persuasora do «pai da mentira» (Jo 8, 44), corre-se o risco de precipitar no abismo do absurdo, experimentando o inferno já aqui na terra, como infelizmente dão testemunho muitos acontecimentos dramáticos da experiência humana pessoal e coletiva.
Por isso, nesta Quaresma de 2020, quero estender a todos os cristãos o mesmo que escrevi aos jovens na Exortação apostólica Christus vivit: «Fixa os braços abertos de Cristo crucificado, deixa-te salvar sempre de novo. E quando te aproximares para confessar os teus pecados, crê firmemente na sua misericórdia que te liberta de toda a culpa. Contempla o seu sangue derramado pelo grande amor que te tem e deixa-te purificar por ele. Assim, poderás renascer sempre de novo» (n. 123). A Páscoa de Jesus não é um acontecimento do passado: pela força do Espírito Santo é sempre atual e permite-nos contemplar e tocar com fé a carne de Cristo em tantas passoas que sofrem.
2. Urgência da conversão
É salutar uma contemplação mais profunda do Mistério pascal, em virtude do qual nos foi concedida a misericórdia de Deus. Com efeito, a experiência da misericórdia só é possível «face a face» com o Senhor crucificado e ressuscitado, «que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim» (Gl 2, 20). Um diálogo coração a coração, de amigo a amigo. Por isso mesmo, é tão importante a oração no tempo quaresmal. Antes de ser um dever, esta expressa a necessidade de corresponder ao amor de Deus, que sempre nos precede e sustenta. De facto, o cristão reza ciente da sua indignidade de ser amado. A oração poderá assumir formas diferentes, mas o que conta verdadeiramente aos olhos de Deus é que ela escave dentro de nós, chegando a romper a dureza do nosso coração, para o converter cada vez mais a Ele e à sua vontade.
Por isso, neste tempo favorável, deixemo-nos conduzir como Israel ao deserto (cf. Os 2, 16), para podermos finalmente ouvir a voz do nosso Esposo, deixando-a ressoar em nós com maior profundidade e disponibilidade. Quanto mais nos deixarmos envolver pela sua Palavra, tanto mais conseguiremos experimentar a sua misericórdia gratuita por nós. Portanto não deixemos passar em vão este tempo de graça, na presunçosa ilusão de sermos nós o dono dos tempos e modos da nossa conversão a Ele.
3. A vontade apaixonada que Deus tem de dialogar com os seus filhos
O facto de o Senhor nos proporcionar uma vez mais um tempo favorável para a nossa conversão, não devemos jamais dá-lo como garantido. Esta nova oportunidade deveria suscitar em nós um sentido de gratidão e sacudir-nos do nosso torpor. Não obstante a presença do mal, por vezes até dramática, tanto na nossa existência como na vida da Igreja e do mundo, este período que nos é oferecido para uma mudança de rumo manifesta a vontade tenaz de Deus de não interromper o diálogo de salvação connosco. Em Jesus crucificado, que Deus «fez pecado por nós» (2 Cor 5, 21), esta vontade chegou ao ponto de fazer recair sobre o seu Filho todos os nossos pecados, como se houvesse – segundo o Papa Bento XVI – um «virar-se de Deus contra Si próprio» (Enc. Deus caritas est, 12). De facto, Deus ama também os seus inimigos (cf. Mt 5, 43-48).
O diálogo que Deus quer estabelecer com cada homem, por meio do Mistério pascal do seu Filho, não é como o diálogo atribuído aos habitantes de Atenas, que «não passavam o tempo noutra coisa senão a dizer ou a escutar as últimas novidades» (At 17, 21). Este tipo de conversa, ditado por uma curiosidade vazia e superficial, carateriza a mundanidade de todos os tempos e, hoje em dia, pode insinuar-se também num uso pervertido dos meios de comunicação.
4. Uma riqueza que deve ser partilhada, e não acumulada só para si mesmo
Colocar o Mistério pascal no centro da vida significa sentir compaixão pelas chagas de Cristo crucificado presentes nas inúmeras vítimas inocentes das guerras, das prepotências contra a vida desde a do nascituro até à do idoso, das variadas formas de violência, dos desastres ambientais, da iníqua distribuição dos bens da terra, do tráfico de seres humanos em todas as suas formas e da sede desenfreada de lucro, que é uma forma de idolatria.
Também hoje é importante chamar os homens e mulheres de boa vontade à partilha dos seus bens com os mais necessitados através da esmola, como forma de participação pessoal na edificação dum mundo mais justo. A partilha, na caridade, torna o homem mais humano; com a acumulação, corre o risco de embrutecer, fechado no seu egoísmo. Podemos e devemos ir mais além, considerando as dimensões estruturais da economia. Por este motivo, na Quaresma de 2020 – mais concretamente, de 26 a 28 de março –, convoquei para Assis jovens economistas, empreendedores e transformativos, com o objetivo de contribuir para delinear uma economia mais justa e inclusiva do que a atual. Como várias vezes se referiu no magistério da Igreja, a política é uma forma eminente de caridade (cf. Pio XI, Discurso à FUCI, 18/XII/1927). E sê-lo-á igualmente ocupar-se da economia com o mesmo espírito evangélico, que é o espírito das Bem-aventuranças.
Invoco a intercessão de Maria Santíssima sobre a próxima Quaresma, para que acolhamos o apelo a deixar-nos reconciliar com Deus, fixemos o olhar do coração no Mistério pascal e nos convertamos a um diálogo aberto e sincero com Deus. Assim, poderemos tornar-nos aquilo que Cristo diz dos seus discípulos: sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5, 13.14).
Roma, em São João de Latrão, 7 de outubro de 2019,
Memória de Nossa Senhora do Rosário.
Franciscus








Neste carnaval busque águas limpas



Deus nos mostra que o pecado tem início no interior dos nossos corações. No Evangelho de São Marcos, capítulo 7 e versículo 20 – 23, está escrito: “O que sai da pessoa é que a torna impura. Pois é de dentro, do coração humano, que saem as más intenções: imoralidade sexual, roubos, homicídios, adultérios, ambições desmedidas, perversidades; fraude, devassidão, inveja, calúnia, orgulho e insensatez. Todas essas coisas saem de dentro, e são elas que tornam alguém impuro”.
Queridos, estejam atentos a esta investida do inimigo, principalmente no período do Carnaval, quando ele quer despertar em nós o desejo de querer e cobiçar tudo, nos fazer corruptos e assim nos tornar uma chaga só. A corrupção vem do profundo do inferno e o inimigo está inclemente para que a partir da cobiça sejamos levados à corrupção e à sexualidade desenfreada.
É justamente dessa forma que o mundo quer que vivamos, conforme esta mentalidade, do prazer imediato e inconsequente. Podemos até ser muito da Igreja e trabalhar por ela, mas ainda estamos vivendo neste ritmo mundano. Isso precisa acabar em nossas vidas, e realmente decidirmos viver a Palavra de Deus.
Não olhe para o passado, mesmo que tenha sido ontem. Não mudamos o passado, e o Senhor está fazendo e suscitando coisas novas. Nisto devemos colocar o nosso foco. Podemos ver nestes dias como o próprio Espírito Santo está suscitando o “novo” na sua Igreja. Olhe para estes sinais de Deus, porque, senão, viveremos num eterno pessimismo. E onde está o ontem? Onde está o ano passado? Já não estão mais. Os nossos olhos precisam mirar para frente, para o alto.

Queira ser e ver a mudança. Se você muda, as coisas mudam

Veja o exemplo da corça, ela não bebe água suja, pois sempre busca mais à frente a água limpa, a mais limpa que conseguir. Faça assim também, busque as águas do Senhor! Do Alto, do céu. Não contamine o seu interior pelas “águas sujas” que já passaram. Às vezes, são como “águas de esgoto” que já passaram, mas, infelizmente, fixamo-nos nelas.
Não admita mais beber das águas sujas. Seja como a corça. É preciso subir e chegar aos picos, e nesta subida sentiremos ainda mais sede, mas não se permita beber água podre.
E onde está a água pura? Nas chagas abertas de Jesus. Água do Espírito, do Sangue da redenção!
É triste quando nos viciamos no pessimismo e no pecado, pois assim estamos bebendo “águas putrefatas”. Queira ser e ver a mudança. Se você muda, as coisas mudam. Deixe-se mudar. O Senhor precisa de pessoas que creiam e que confiem no impossível. Este é o tempo da misericórdia como nunca existiu antes. É um tempo privilegiado, pois o Senhor é bondoso e compassivo.
Deus abençoe!
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

COMPORTAMENTO

COMPORTAMENTO

Religião ajuda a desenvolver sexualidade saudável, diz psicólogo



Membros do Apostolado da Teologia do Corpo indicam ensinamentos de São João Paulo II na educação sexual de crianças e adolescentes

Julia Beck
Da redação

Psicólogo afirmou: “A religião oferece essa moral sobre o sentido da vida, do amor, e isso é importantíssimo”/ Foto: Wesley Almeida – CN
Sexualidade. O tema, que por anos era tido como um tabu ou um assunto que precisava ser evitado, é defendido pelo psicólogo e terapeuta familiar Élison Santos como algo que deve ser falado e explicado logo na infância. “A sexualidade faz parte de uma realidade da nossa vida, uma realidade psíquica e emocional que está ligada ao nosso corpo”, esclarece. O terapeuta detalha como assunto deve ser tratado pelos pais.
“Cada idade exige um nível de conversa: as crianças precisam saber o que são os órgãos genitais, seus nomes, quais são as funções deles, e compreender o sentido da vida. (…) Sobre a pré-adolescência, infelizmente, nas escolas já se fala muito de sexo, então os pais precisam introduzir esse assunto antes para que as crianças não aprendam com os amigos, com a escola e com a internet. É preciso que eles aprendam segundo uma visão de responsabilidade. Lá para os 10, 11 anos já é preciso falar praticamente sobre tudo”, revela o psicólogo.
Um estudo divulgado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), de dezembro de 2019, mostrou uma busca precoce pelo prazer sexual entre os jovens. Segundo a pesquisa, a incidência de iniciação sexual precoce é duas vezes maior entre estudantes com pais permissivos ou negligentes. Santos explica que a afetividade e a imposição de limites são duas grandes ações na educação dos filhos, pois passam segurança para que a criança se sinta capaz de explorar o mundo. A falta delas, destaca o terapeuta, pode levar os filhos a buscarem uma compensação por meio da prática sexual.
A negligência é, para o psicólogo, a pior das ações na educação dos filhos, pois gera a falta destes dois pilares de formação: afetividade e limites. “Isso tem acontecido muito. Pais que se comportam como adolescentes e que não dão amor e limites aos filhos. Estudos indicam que pré-adolescentes e adolescentes que começam a vida sexual muito cedo têm a maior probabilidade de desenvolverem problemas psicológicos, principalmente a depressão”, alertou.
A religião é vista pelo psicólogo, como uma ótima aliada na descoberta da verdadeira razão e do sentido da sexualidade. “A infância e na adolescência são fases de desenvolvimento. O ser humano está se preparando para a vida adulta. Na vida adulta, o cérebro é capaz de compreender o mundo e assumir responsabilidades. Todo ato sexual tem em si uma possibilidade de ter como consequência uma outra vida”.
“A sexualidade tem que estar submetida à razão. (…) A religião oferece essa moral sobre o sentido da vida, do amor, e isso é importantíssimo e ajuda as pessoas a se desenvolverem e a desenvolverem a sexualidade de forma saudável”. Para que os jovens compreendam de forma positiva a necessidade de espera para a iniciação de uma vida sexual, Santos reforça que a castidade deve ser vista não como uma regra, mas como um valor.

Viviane e Marcelo Pastre, casal membro da equipe Teologia do Corpo Brasil / Foto: Arquivo Pessoal
Membros do Apostolado da Teologia do Corpo, Marcelo Pastre e Viviane Pastre defendem a Teologia do Corpo, de São João Paulo II, como uma importante aliada na educação dos filhos e no combate a conceitos errados que são difundidos amplamente às crianças e adolescentes. O casal comenta que existe um desdobramento da Teologia do Corpo para se falar de sexualidade e afetividade com crianças e adolescentes de maneira simples e prática.
A “Teen Star”, de acordo com Marcelo e Viviane, é um programa internacional de Educação holística em Sexualidade Humana. “Com toda certeza se os pais aprenderem o verdadeiro significado do corpo através das catequeses de São João Paulo II eles poderão auxiliar seus filhos para a vivência de uma sexualidade integrada”, defendem.

Teologia do Corpo

A Teologia do Corpo é um conjunto de 133 catequeses proferidas por São João Paulo II entre os anos de 1979 à 1984, focadas no Amor Humano no Plano Divino. Segundo Marcelo e Viviane, este conteúdo busca descrever quem é o ser humano e qual é o itinerário da sua existência: de onde veio, onde está e para aonde vai. “Podemos dizer também que a Teologia do Corpo é um estudo de Deus através do corpo, afinal de contas: ‘O Verbo se fez Carne e habitou entre nós’”, completa Marcelo.

São João Paulo II /Foto: Arquivo
Sobre a tese central de São João Paulo II, o casal conta que tem como objetivo afirmar que o sentido do ser humano e de sua existência passa pelo sentido esponsal, que significa tornar-se um dom. Essa doação ao outro reciprocamente gera comunhão de pessoas: “Comunhão das pessoas significa existir num recíproco”, relata Viviane. São João Paulo II explica que o homem se tornou “imagem e semelhança” de Deus não só mediante a própria humanidade, mas ainda mediante a comunhão de pessoas, que o homem e a mulher formam desde o princípio. (TdC 9:3) Tudo isso é constatado, através de todo o ser da pessoa: corpo da alma.
Ao retomar perguntas como: “quem eu sou, quem me constituiu e para que fui feito?”, Marcelo e Viviane declaram: “A já foi dada: servimos para Amar, isto é, para se doar aos outros. E é nisto que encontraremos o sentido do nosso ser e existir!”.

O corpo e o sexo

“O corpo humano é a imagem e semelhança de Deus. A Igreja reconhece o corpo humano como criatura de Deus e tudo o que Deus criou é bom! Como é que o corpo seria algo ruim se ele foi criado para ser sinal de Deus? Toda a constituição dos sexos – masculinidade e feminilidade – culminam naquele ápice da doação que se unem tão intimamente a ponto de se tornar uma só carne, através do sacramento do matrimônio!”, opina Viviane.
A partir disto, o casal esclarece que sexo é o masculino e o feminino. “Ninguém faz sexo – os casais se doam um ao outro em um dom recíproco de comunhão. Inclusive o casal que recebe o sacramento do matrimônio no leito nupcial vive a consumação da Palavra proclamada no ato nupcial – experienciando a íntima comunhão. Justamente pelo fato da sua constituição corpórea ser complementar”.
Marcelo e Viviane alertam que a compreensão errada destes conceitos culminam em uma sociedade materialista e utilitarista. O casal frisa que infelizmente o sexo é confundido de maneira muito equivocada com a genitalidade. “O uso dos genitais para se obter prazer apenas pelo prazer (usando as pessoas como objeto) de maneira desordenada é o que confunde.

Castidade e matrimônio, depois a sexualidade

“A Teologia do Corpo nos mostra que o ser humano é chamado a viver a castidade em todos os momentos da sua vida independente da sua vocação: para os celibatários, viver a castidade por amor ao reino dos céus; para os casais, viver a castidade na doação reciproca, aos filhos e na comunhão íntima – ápice da doação – vivida no seu leito nupcial. Todos buscando, assim, a ‘integridade e a integralidade da doação’”, sublinha Marcelo.
Padre Adriano Zandoná, membro da Comunidade Canção Nova, destaca que é preciso respeito ao corpo e aintimidade. “O ato sexual não é somente corporal, é uma linguagem na qual o corpo diz: eu sou teu para sempre. Quando não há maturidade e um vínculo matrimonial que suporte essa relação, o corpo e a alma estão dizendo algo mentiroso, que não tem relevância na vida prática”, reforçou. A prática da sexualidade antes do amadurecimento da decisão matrimonial gera, de acordo com o sacerdote, frustrações e ferimentos na alma.
“O sexo é no casamento, na intimidade. Quando uma pessoa se casa, pressupõe-se que ela assume o outro. O matrimônio é o selo sacramental, após a constatação de uma estabilidade da relação construída e o compromisso de uma entrega para a vida inteira. Viver tudo isso de maneira precoce, deixa marcas. Com este ensinamento a Igreja não está impedindo a liberdade, mas ajudando a pessoa a ser livre”, concluiu.

FORMAÇÃO.

Carnaval é tempo de alegria também para o cristão

A alegria do Carnaval

Nem sempre essa festa foi sinônimo de desregramento, pois a palavra Carnaval vem de currus navalis, o que significa que entre os gregos e romanos era feito um desfile em torno de um enorme carro em forma de navio, o qual era dedicado ao deus Dionísio ou Baco. Depois dos gregos, entre os romanos e os antigos celtas e germanos, havia solenidades pela entrada do ano civil.
Quando surgiu o Cristianismo, este deparou-se com tais comemorações, as quais, inclusive, tinham um caráter penitencial, ou seja, os pagãos queriam expiar faltas cometidas no ano anterior. “A Igreja procurou dar uma nova mentalidade a tais festas, expurgando toda mitologia e superstição, bem como a orgia, que, muitas vezes, predominava”, diz o Cônego José Geraldo (cf. cleofas.com/carnaval).
Carnaval é tempo de alegria também para o cristão
Foto: Arquivo CN/cancaonova.com
A Igreja, então, colocou o Carnaval em seu calendário, antes da Quaresma, para que, anterior ao tempo de penitência em que fazemos memória ao Cristo, o qual peregrinou pelo deserto e privou-se das necessidades de Seu corpo, os cristãos tenham um período de gozo e festa pelos dons da alegria e dos prazeres lícitos dados por Deus.
Percebemos assim, que o grande problema das festas de Carnaval de hoje não está no anseio das pessoas pela alegria, mas nos excessos e na permissividade que praticam.
A capacidade de sentir sabores, ter sensações, o riso, a dança, a celebração, a sociabilidade… Tudo isso é lícito perante a lei do Senhor e agrada muito a Ele ver Seus filhos podendo desfrutar a felicidade nessas formas. Encontramos, na Sagrada Escritura, o incentivo do Altíssimo para todos essas atividades.

Desvirtuação dos valores e da moral

Contudo, o que acontece nos eventos de Carnaval é quase sempre a desvirtuação dos valores e da moral, sem contar as ofensas a Deus.
Neste Carnaval, antes de decidir para onde vai ou o que vai fazer, devemos nos questionar: “O ambiente que pretendo ir promove, de alguma forma, a promiscuidade, o adultério e a dissolução da moral?”, “As demais pessoas que lá estarão, incluem Jesus Cristo em suas atividades?”, “Serei tentado a desrespeitar os mandamentos do Senhor?”.
Graças a Deus, existe a opção de vários retiros espirituais pelo nosso país, nos quais encontramos, além de intimidade com Deus em orações, pregações, adorações, muita música de qualidade, bailes, diversão, amigos e, quem sabe, boa comida, cores e luzes.

A personificação da felicidade

O cristão não é um alienado no mundo, não vive recolhido em penitência como é a imagem que muitos têm de nós. Pelo contrário, somos pessoas que se encontram com a felicidade em Pessoa, pois Cristo é a personificação da felicidade!
O Carnaval é o tempo que a Igreja nos deu para celebrarmos o dom da alegria de forma virtuosa, encontrando toda a graça de sermos seres humanos por meio das coisas boas que trazem sabor à vida.
É bom celebrarmos agora, para melhor adentrarmos na Quaresma depois.
“Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus. Tempo para chorar e tempo para rir; tempo para gemer e tempo para dançar” (Ecl 3,1-4).
Deus abençoe seu Carnaval!