sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A precisão da Águia


A precisão da Águia

A águia sempre foi tida como simbolo de bravura e arrojo. Ainda hoje sua imagem continua a ser sinônimo de independência e coragem. Tanto assim, que alguns países, entre os quais os Estados Unidos, fazem dela o seu simbolo oficial. Na Bíblia, a águia é mencionada em não poucas passagens, quase sempre com significados simbólicos.

Para entender o motivo, basta ver uma águia de perto, De todas as aves de grande porte, ela é a mais imponente e altiva. Seu corpo sólido e vigoroso chega a medir um metro do bico à cauda. E sua envergadura é formidável, pois as asas, quando abertas, as vezes alcançam mais de dois metros de ponta a ponta. 

Solitária, caprichosa e sedentária. 

A águia pertence a família dos Accipitrídeos, mas evita qualquer forma de convívio com sua parentela. Solitária por índole, prefere viver por conta própria e em casa própria, de maneira que, uma vez formado um casal, sua primeira providência é procurar um lugar alto e retirado, para construir o ninho. E, como este se destina a durar a vida inteira - porque as águias são aves sedentárias, que não gostam de mudanças, a construção se faz com especial cuidado. Com galhos grossos, o casal trança uma espécie de parede circular, com cerca de 30cm de espessura. Mas isto representa apenas o início da obra, porque a águia, extremamente zelosa de sua residência, tratará de melhorá-la sempre, acrescentando novos reforços à parede original. Além disso, demonstra um acentuado sentido de propriedade: sua confortável vivenda de montanha é sua e de mais ninguém, E ai daquele que ousar aproximar-se para fazer visitas: é rechaçado sem a menor consideração.     

Voracidade começa na infância.

Nesse ninho construído com tanto capricho, a fêmea bota de um a quatro ovos, cuja incubação leva cinco semanas. E, a partir do momento em que nascem os filhotes, termina o sossego do casal, pois, enquanto o macho sai em busca de alimento para a prole, a fêmea fica ocupada em digerir parcialmente o que foi trazido antes, para regurgitá-lo depois nas goelas sempre escancaradas dos seus pimpolhos. Mas esse período dura pouco. As aguiazinhas logo aprendem a se alimentar sozinhas e algumas semanas mais tarde, já são capazes de devorar tranquilamente uma lebre inteira ou vários passarinhos num só dia.

Passada a adolescência e atingida a maturidade, as jovens águias deixam o lar paterno e vão viver sua própria vida. A esta altura, já se transformaram em grandes aves, capazes de vôos longos, e conhecem perfeitamente as manhas dos bichos de pequeno porte que constituem a base do seu passado.

Sua técnica de caça é ordenada, metódica e eficientíssima. Voando a centenas de metros de altura, elas localizam a presa a quilômetros de distância, graças a sua aguçada visão. Lançam-se então ao ataque, repentino e certeiro: em vôo rasante, passam sobre o animal e apanham-no com as potentes garras. Quase sempre o susto basta para liquidar a vitima. Mas, como toda ave rapinante, a águia não cuida dessas minúcias. Se, ao chegar ao seu refúgio, a presa ainda estiver viva, será devorada assim mesmo, sem dó nem piedade.       

O infalível olho de águia. 

A eficiência dos ataques da águia resulta da precisão do seu sistema visual. Este é de tal ordem, que, se o homem tivesse visão equivalente, conseguiria ler manchetes de jornal a 500 metros de distância.

Os olhos da águia são tão grandes que ocupam quase um terço do crânio, onde se localizam em posição bem saliente. Graças a isso, mesmo sem movê-los, ela abrange um campo visual de 300 graus de circunferência - o que é muito, se considerarmos que o campo visual humano é de 160 graus.

Para proteger seus globos oculares, cuja retina reúne muitos milhões de células sensíveis a luz, as águias dispõem de uma cobertura protetora que se move horizontalmente: a membrana nictitante. E além dela, contam com as pálpebras comuns, de movimento vertical.    

Águia brasileira é gavião. 

Existem oito espécies de águias e todas elas são marcadas por uma característica comum: a plumagem das suas pernas chegam até junto dos dedos. A mais conhecida é chamada águia real (Aquila chrysaetus), que vive nas regiões montanhosas da Europa, Ásia e Estados Unidos.

No Brasil não existem verdadeiras águias, mas há uma porção de aves que recebem esse nome O pandion Haliaetus carolinensis, por exemplo, é um gavião, embora seja conhecido como águia pescadora. Outro caso: a harpia, que é o maior dos gaviões brasileiros, recebe o titulo de águia brasileira - muito honroso, sem dúvida, mas indevido. 

Estrutura

Nas aves, as partes que correspondem aos membros anteriores são as asas. E a parte que corresponde a mão humana tem três dedos para frente e um para trás - a mesma estrutura encontrada nos fósseis de pterodáctilos e nos esqueletos dos atuais morcegos.

As penas que cobrem o ventre das aves adultas são bem mais macias e leves que as das outras parte do corpo: são plumas. Nos pássaros jovens porém, todas as penas são plumas. Os povos antigos usavam penas de águia como enfeite e por isso não deixavam em paz as suas proprietárias.

Numa pena bem desenvolvida, vista ao microscópio, nota-se que da raque partem mais de 600 barbas. De cada uma destas, por sua vez, partem outras tantas bárdulas, cada qual dotada de dezenas de ganchos, presos uns nos outros por meio de cílios. Tudo isso, para formar uma trama resistente e elástica, que "bate" o ar.

Fonte: Mensageiro da Paz, nº: 1182, Pág.. 18 - Outubro de 1985

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